domingo, 30 de novembro de 2008

Burrice não tem limites

Depois das falhas grotescas de organização no exame da ANPEC deste ano (ver aqui), parece que confusões similares nos aguardam no Encontro Nacional em Salvador, de 9 a 12 de dezembro.

Reproduzo a seguir um diálogo entre congressista e organização sobre apresentação de um artigo aprovado:

Prezado Congressista,

abaixo sua participação nas sessões ordinárias do 36º Encontro Nacional de Economia. Solicitamos que acompanhe na página da ANPEC para verificar possíveis alterações.

Os trabalhos selecionados estarão disponíveis no site, em breve.

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Prezada X,

quanto tempo temos para apresentar? E para comentar?

Obrigado

Abs


Y
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Prezado Congressista,

peço dar uma olhada no programa (está no sit da ANPEC) e conferir a duração das sessões. O tempo é dividido pelos três.

Att


X
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Prezada X,

a sessão tem duração de 1h45. Isso quer dizer 30 minutos para apresentação e
5 minutos para comentários? 20 minutos para apresentação, 10 para
comentários e 5 para perguntas?

Obrigado mais uma vez.

Abs


Y
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Prezado Y,

Isto é decidido pelo Presidente da sessão.

Att

X

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Prezada X,

isto me não me parece correto. Segundo o que você sugeriu, pode ser o caso que o presidente decida destinar 1 min para apresentação e 34 min para comentários. Como vou saber que apresentação preparar?

Att


Y
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...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

"Posts que Gostaríamos de Ter Visto 6 Meses Atrás" ou "Ex-Post é Fácil Fazer Tudo Parecer Óbvio"

O Hamilton (1994) diz que apenas uma recessão americana do pós-guerra não foi precedida por um aumento acentuado do preço do petróleo. Seguindo a dica, encontrei esse gráfico (fonte). Não estou dizendo que existe relação de causa e efeito (minha opinião é de que não existe), mas para previsões (leading indicators) parece uma boa dica.

Outra coisa que eu pensei olhando o gráfico foi que o preço do petróleo parece ter uma tendência de retornar a uma "média de longo prazo", que seria em torno do 40 ou 45 no gráfico. Infelizmente o eixo de preços está em termos reais e ajustado para base 100 em 1982. Fazendo a tranformação para preços nominais de 2008 (leia-se olhando outro gráfico e comparando), o preço teria uma tendência a retornar para algo próximo de $25...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A Economia Real

Não é de hoje que o setor financeiro é acusado de "roubar" as pessoas e de não produzir nada de valioso para a sociedade. Pode-se buscar exemplos em livros religiosos (Torá, Novo Testamento), em escolas filosóficas (escolástica), literatura (Shakespeare, em "O Mercador de Veneza, Dante em "A Divina Comédia") e em vários economistas antigos (não me lembro mais dos nomes, alguém me ajuda aí).

A crítica está em geral baseada em argumentos ridículos, que parecem resultado de um misto de ignorância e preconceito. É preciso ser um burocrata que nunca saiu da repartição ou um acadêmico que nunca saiu da universidade para não perceber a importância do mercado de ações, derivativos, títulos de dívida, dos fundos de venture capital e private equity e das operações estruturadas para diversificação de riscos (indústria de seguros), previdência e, principalmente, financiamento de investimentos.

O oposto do setor financeiro é muitas vezes chamado de A Economia Real, que fabrica "produtos de verdade, que se pode embrulhar" (palavras sábias de Élio Gáspari, que nunca produziu nada de verdade na vida segundo sua própria definição).

Para mim, o oposto da Economia Real no Brasil é o Governo. A não ser que alguém me convença de que o produto do trabalho do setor público vale 40% do PIB brasileiro.

domingo, 23 de novembro de 2008

Que bela confusão o Rasmusen se enfiou...


Leiam a compilação feita pelo próprio Rasmusen, de uma confusão que ele se meteu ao defender seu ponto de vista sobre o porque da existência de discriminação de professores homosexuais nas escolas católicas, em comparação a professores hindus, uma vez que idolatria é um pecado pior.

Já vou avisando que o texto não propõe solução alguma para a questão. O interessante é o debate sobre a liberdade de expressão.

(Achei o link enquanto lia o De Gustibus Non Est Disputandum)

Em linhas gerais, os pontos que merecem atenção:
  • A sutileza da primeira emenda da constituição americana 
  • Os problemas que você pode se meter quando não se tem evidências sobre coisa alguma. (Ou quando se têm evidências fracas...)
E para fechar, uma citação que é feita no link, que eu achei bem legal:
But the peculiar evil of silencing the expression of an opinion is, that it is robbing the human race; posterity as well as the existing generation; those who dissent from the opinion, still more than those who hold it. If the opinion is right, they are deprived of the opportunity of exchanging error for truth; if wrong, they lose, what is almost as great a benefit, the clearer perception and livelier impression of truth, produced by its collision with error. 
John Stuart Mill, On Liberty 1859

sábado, 15 de novembro de 2008

G20 sobre a crise: highlights

Summit on financial markets and the world economy

November 15, 2008

1 - We, the Leaders of the Group of Twenty, held an initial meeting in Washington on November 15, 2008, amid serious challenges to the world economy and financial markets. We are determined to enhance our cooperation and work together to restore global growth and achieve needed reforms in the world's financial systems.

2 - Over the past months our countries have taken urgent and exceptional measures to support the global economy and stabilize financial markets. These efforts must continue. At the same time, we must lay the foundation for reform to help to ensure that a global crisis, such as this one, does not happen again. Our work will be guided by a shared belief that market principles, open trade and investment regimes, and effectively regulated financial markets foster the dynamism, innovation, and entrepreneurship that are essential for economic growth, employment, and poverty reduction.

Root causes of the current crisis

3 - During a period of strong global growth, growing capital flows, and prolonged stability earlier this decade, market participants sought higher yields without an adequate appreciation of the risks and failed to exercise proper due diligence. At the same time, weak underwriting standards, unsound risk management practices, increasingly complex and opaque financial products, and consequent excessive leverage combined to create vulnerabilities in the system. Policy-makers, regulators and supervisors, in some advanced countries, did not adequately appreciate and address the risks building up in financial markets, keep pace with financial innovation, or take into account the systemic ramifications of domestic regulatory actions.

4 - Major underlying factors to the current situation were, among others, inconsistent and insufficiently coordinated macroeconomic policies, inadequate structural reforms, which led to unsustainable global macroeconomic outcomes. These developments, together, contributed to excesses and ultimately resulted in severe market disruption.

Actions taken and to be taken

5 - We have taken strong and significant actions to date to stimulate our economies, provide liquidity, strengthen the capital of financial institutions, protect savings and deposits, address regulatory deficiencies, unfreeze credit markets, and are working to ensure that international financial institutions (IFIs) can provide critical support for the global economy.

6 - But more needs to be done to stabilize financial markets and support economic growth. Economic momentum is slowing substantially in major economies and the global outlook has weakened. Many emerging market economies, which helped sustain the world economy this decade, are still experiencing good growth but increasingly are being adversely impacted by the worldwide slowdown.

7 - Against this background of deteriorating economic conditions worldwide, we agreed that a broader policy response is needed, based on closer macroeconomic cooperation, to restore growth, avoid negative spillovers and support emerging market economies and developing countries. As immediate steps to achieve these objectives, as well as to address longer-term challenges, we will:

- Continue our vigorous efforts and take whatever further actions are necessary to stabilize the financial system.

- Recognize the importance of monetary policy support, as deemed appropriate to domestic conditions.

- Use fiscal measures to stimulate domestic demand to rapid effect, as appropriate, while maintaining a policy framework conducive to fiscal sustainability.

- Help emerging and developing economies gain access to finance in current difficult financial conditions, including through liquidity facilities and program support. We stress the International Monetary Fund's (IMF) important role in crisis response, welcome its new short-term liquidity facility, and urge the ongoing review of its instruments and facilities to ensure flexibility.

- Encourage the World Bank and other multilateral development banks (MDBs) to use their full capacity in support of their development agenda, and we welcome the recent introduction of new facilities by the World Bank in the areas of infrastructure and trade finance.

- Ensure that the IMF, World Bank and other MDBs have sufficient resources to continue playing their role in overcoming the crisis.

- Common principles for reform of financial markets*

8 - In addition to the actions taken above, we will implement reforms (...)


9 - We commit to implementing policies consistent with the following common principles for reform.

- Strengthening Transparency and Accountability: We will strengthen financial market transparency, including by enhancing required disclosure on complex financial products and ensuring complete and accurate disclosure by firms of their financial conditions. Incentives should be aligned to avoid excessive risk-taking.

- Enhancing Sound Regulation: We pledge to strengthen our regulatory regimes, prudential oversight, and risk management, and ensure that all financial markets, products and participants are regulated or subject to oversight, as appropriate to their circumstances. We will exercise strong oversight over credit rating agencies, consistent with the agreed and strengthened international code of conduct. We will also make regulatory regimes more effective over the economic cycle, while ensuring that regulation is efficient, does not stifle innovation, and encourages expanded trade in financial products and services. We commit to transparent assessments of our national regulatory systems.

- Promoting Integrity in Financial Markets: We commit to protect the integrity of the world's financial markets by bolstering investor and consumer protection, avoiding conflicts of interest, preventing illegal market manipulation, fraudulent activities and abuse, and protecting against illicit finance risks arising from non-cooperative jurisdictions. We will also promote information sharing, including with respect to jurisdictions that have yet to commit to international standards with respect to bank secrecy and transparency.

- Reinforcing International Cooperation: We call upon our national and regional regulators to formulate their regulations and other measures in a consistent manner. Regulators should enhance their coordination and cooperation across all segments of financial markets, including with respect to cross-border capital flows. Regulators and other relevant authorities as a matter of priority should strengthen cooperation on crisis prevention, management, and resolution.

- Reforming International Financial Institutions: We are committed to advancing the reform of the Bretton Woods Institutions so that they can more adequately reflect changing economic weights in the world economy in order to increase their legitimacy and effectiveness. In this respect, emerging and developing economies, including the poorest countries, should have greater voice and representation. The Financial Stability Forum (FSF) must expand urgently to a broader membership of emerging economies, and other major standard setting bodies should promptly review their membership. The IMF, in collaboration with the expanded FSF and other bodies, should work to better identify vulnerabilities, anticipate potential stresses, and act swiftly to play a key role in crisis response.

Tasking of ministers and experts

10 - We (...) request our Finance Ministers to formulate additional recommendations, including in the following specific areas:

- Mitigating against pro-cyclicality in regulatory policy;

- Reviewing and aligning global accounting standards, particularly for complex securities in times of stress;

- Strengthening the resilience and transparency of credit derivatives markets and reducing their systemic risks, including by improving the infrastructure of over-the-counter markets;

- Reviewing compensation practices as they relate to incentives for risk taking and innovation;

- Reviewing the mandates, governance, and resource requirements of the IFIs; and

- Defining the scope of systemically important institutions and determining their appropriate regulation or oversight.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Grutas & Negócios

"É meu amigo só resta uma certaza
É preciso acabar com a natureza
É melhor lotear o nosso amor"

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Itaú-Unibanco, CADE e os Federalistas

Alexander Hamilton, John Jay e Thomas Madison escreveram uma das mais belas obras de Direito Constitucional. A série de textos, O Federalista, foi extremamente influente na origem da constituição Americana. Nela, entre outros pontos, eles debatem a importância do poder de Veto do executivo no sistema de freios e contra-pesos e como é difícil a decisão daquele que vai contra a vontade do legislativo, a vontade da maioria.

A república evoluiu e há orgãos específicos para fiscalizar não só o legislativo, mas também setores da economia. Ontem o Itaú e Unibanco anunciaram a intenção de se fundirem. A maioria dos economistas e autoridades demostraram entusiasmo com a proposta.

O ministério da fazenda e o BC preocupados com a solidez do mercado bancário devenderam a medida, ressaltando a solidez dos bancos no Brasil. É bem provável que a CVM não observe fraude contra os acionistas e sancione a operação. O CADE deveria mostrar desconfiança.

O setor bancário brasileiro, não importa sob qual aspecto, possui indícios de concentração econômica. A fusão desses bancos só a aumentará e isso resultará em tarifas e spreads maiores. Um indício de que o mercado financeiro entendeu assim a fusão foi a subida acima da média das ações das ações do Bradesco que nada tem a ver com o ganho de sinergia da fusão, mas lucrará com a maior concentração do setor bancário.

Em prol da criação de grandes conglomerados brasileiros o CADE já fez vista grossa para a fusão da Brahma com a Antártica e acabou dando lucro para os belgas que compraram a AMBEV. Quem sabe quem vai auferir os ganhos dessa fusão? Não vale depois reclamar dos lucros exorbitantes dos bancos.

É complicado e politicamente desgastante ser o estraga prazeres. No entanto, se o CADE não defender os interesses difusos dos consumidores e considerar com cuidado se vetará essa fusão, estará não apenas colocando em dúvida sua relevância constitucional, mas também a inteligência dos federalistas.

"Pra dançar Créu tem que ter habilidade"

Só pelo prazer bobo de ver a Argentina se f*rrando:

Juiz dos EUA congela ativos de fundos de pensão da Argentina