segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Espectro Literário

Apesar do caos todo de hoje, meu post não vai ser sobre economia. Aproveitando minha posição no Espectro, vou dar uma de Diogo Mainardi hoje e espinafrar um dos ícones nacionais, o Machado de Assis.

Hoje é o aniversáiro de 100 anos deste escritor que é tido como um dos maiores da língua portuguesa. A disputa é muito mais acirrada em outras línguas e talvez nenhum dos escritores lusófonos entre no grupo dos maiores escritores, o que já serve de ressalva para as avaliações da qualidade e da relevância do Bruxo do Cosme Velho. Mas eu descobri recentemente um argumento ainda mais forte para os críticos.

E foi lendo justamente um dos fãs mais relevantes de Machado, Harold Bloom. Em um dos seus livros, chamado "Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds", Harold Bloom faz um apanhado de 100 dos seus escritores preferidos (duvido que a maioria das pessoas já tenha sequer lido 100 autores diferentes). Entre clássicos antigos como Cervantes, Shakespeare e Homero e gênios mais recentes como Joyce, Kafka e Faulkner, Bloom encontrou um espaço para Machado de Assis. E ainda arriscou dizer que Machado seria o maior escritor negro de todos os tempos.

Em algum momento do texto, Bloom reconhece que um autor inglês do século XVIII, chamado Laurence Sterne, exerceu forte influência sobre Machado. Especialmente o livro "The Life and Opninions of Tristram Shandy, Gentleman". Então, por curiosidade, resolvi ler o tal livro. É assustador.

Várias das características da prosa "machadiana" estão presentes. Talvez todas. Interlocução direta ao leitor (apesar de este recurso estar presente pelo menos desde Cervantes), referências constante aos clássicos, digressões longas... Pior ainda, o enredo do livro é muito semelhante ao de "Brás Cubas", que seria, disputando com "Dom Casmurro", o melhor livro de Machado.

Aí eu fiquei me perguntando, como que um cara que "se inspirou" tão profundamente em outro escritor pode ser considerado um gênio? Eu acho que, no máximo, ele pode ser considerado muito bom.

Agora, para não ficar um post totalmente negativo, na minha opnião tem um escritor brasileiro que entra fácil na lista dos melhores escritores da língua portuguesa e com grandes chances na dos grandes escritores, o Guimarães Rosa. E eu tenho até uma explicação para a relativa falta de projeção internacional dele. Alguns escritores perdem muito da sua força ao serem traduzidos. É o caso do James Joyce, por exemplo. E eu acho que é esse o caso do Guimarães Rosa também. Mas como todo mundo lê em inglês e ninguém lê em português, James Joyce é gênio e Guimarães Rosa é desconhecido.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Desenvolvimento econômico: o que (não) sabemos

As causas da riqueza das nações e das diferenças de desempenho entre os países sempre foram preocupação dos economistas, mas o que realmente sabemos até aqui?

Aprendemos que acumulação de fatores desprovida de aumento da produtividade não é capaz de sustentar crescimento de longo-prazo; que capital humano é um insumo fundamental capaz de promover retornos não-decrescentes; que o volume de P&D pode ditar diferentes dinâmicas de crescimento entre os mercados.

Mas essas são apenas causas próximas do desenvolvimento e das diferenças de renda per capita entre as nações. Porque então países não acumulam capital humano e investem no avanço tecnológico?

Os economistas elencam quatro candidatas a causas fundamentais:
(i) sorte;
(ii) geografia;
(iii) cultura; e
(iv) instituições

Países apresentam diferentes desempenhos primordialmente em função de acidentes históricos, de condicionantes geográficos (cujo papel pode ser constante ou variável no tempo), de diferentes valores/atitudes diante do sistema de incentivos, e das restrições que determinam os referidos incentivos à alocação de recursos às atividades produtivas.

Há maneiras bastante sofisticadas de confrontar cada uma dessas hipóteses (ainda que com mais dificuldade a primeira) com os dados e avaliar a maior ou menor plausibilidade de cada explicação (não necessariamente excludentes) para os diferentes resultados associados aos diferentes ambientes econômicos.

A verdade é que, ainda que tenha se construído um relativo consenso na literatura recente sobre o papel de cada uma dessas causas fundamentais, com a visão de que as diferentes instituições são diretamente responsáveis pelo desempenho contrastante de grupos de países após a Revolução Industrial, (1) ainda se entende muito pouco o canal através do qual instituições afetam desempenho (os economistas tem muita dificuldade até mesmo de definir o que são instituições, ou que restrições comportamentais ou características do ambiente de negócios são efetivamente relevantes para resultados econômicos) e (2) esses suposto sucesso no plano da teoria não tem correspondência em termos de políticas públicas.

O que pode ser sugerido para um país africano subdesenvolvido, em que mais de 50% da população se encontra abaixo da linha da pobreza e 1/3 da população tem o vírus HIV (infelizmente há mais de um candidato na mapa que preenche esses requisitos) ? Alguns argumentariam que uma receita de instituições melhores (normalmente no sentido de democratização) seria um palpite relativamente sem riscos...

Mas a importação institucional já se mostrou fadada ao fracasso em diversos contextos (Djankov, sobre as ex-economias socialistas) e não parece ser irrelevante a ordem dos fatores: Glaeser et. al mostram que ditaduras que investem em capital humano parecem ser a fonte mais prevalente de sucesso de economias subdesenvolvidas para escapar da pobreza.

O que dizer? Sabemos pouco, muito pouco.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sobre um restaurante

Imagine um restaurante em que não houvesse preços, e os clientes tivessem que oferecer o quanto achavam justo pelo prato que comeram. O que um economista diria sobre isso? A minha reação ao tomar contato com esse problema foi a seguinte: "O restaurante não sobreviverá nem um segundo. Ninguém pagará pelo prato e o restaurante não terá receita. Além do mais, se algum cliente achar o restaurante muito bom, e querer que ele continue funcionando, poderia pagar algo positivo, mas ao ver que se somente ele tomasse essa decisão o restaurante quebraria, não pagaria. E se, por outro lado, todo mundo quisesse que o restaurante existisse e pagassem pela refeição, sempre haveria o beneficio de não pagar, e todo mundo não pagaria".

Pois bem, esse restaurante existe, e aparentemente dá dinheiro. Como eu poderia racionalizar isso? A resposta imediata é: Basta colocar alguma coisa que faltava na função utilidade dos clientes e o problema está resolvido. Neste caso, se argumentaria que a clientela deve levar em conta valores como justiça, ou até conceitos como "faça aquilo que você gostaria que fizessem com você". Mas acredito que se proceder assim, a microeconomia é capaz de explicar tudo, e assim sendo não pode provar nada. Como então contornar esse problema? Eu ainda não tenho uma resposta para isso. Infelizmente, no mundo da micro feijão-com-arroz, o restaurante já teria quebrado a muito tempo.

(Se bem que, se lerem a reportagem, é bem capaz que esse restaurante se sustente do curso que ministram para gringos... mas é mais legal pensar que não.)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Quem ta cheirando? E se tapasse o nariz?

Mudando de assunto, vou olhar para a questão da responsabilidade do usuário de drogas pelo atual estado de violência nas nossas cidades. Capitão Nascimento já expôs o argumento, mas acredito que há duas questões interessantes: 1) de onde vem a demanda e 2) sem tal demanda a violência cessaria?

Em relação à primeira questão tenho apenas dúvidas. Caramba, o tráfico tem um porte (controle geográfico, armas, etc) que só pode ser financiado por muita droga sendo consumida. É verdade que é a cocaína e não a maconha que financia o tráfico? Mas cadê? Como algo uma demanda tão grande pode ser praticamente invisível (a de macronha é razoavelmente visível). Alguém pesquisa/entende a “economia do tráfico” no Brasil?

A segunda indagação é contrafactual e supositória (sic.). Alguns dizem que se o tráfico acabasse, i.e. por obra de deus ou da legalização não houvesse mais demanda, a violência pioraria porque eles diversificariam seus negócios para outras atividades criminosas (o que serve de justificativa pro sujeito não parar de consumir). Pra mim isso não faz sentido. Pode ser que até ocorresse no curto prazo, mas eventualmente a “empresa” ia quebrar. Apenas um setor tão lucrativo quanto o tráfico permite tal nível de armamento, funcionamento de uma organização com tanto risco (tomada por grupos rivais, polícia), e controle. Os outros setores da atividade criminal são muito menos lucrativos e mais perigosos: bancos têm guardas, assaltar na rua envolve riscos, seqüestros são perigosos de efetuar e difíceis de gerir. Lotações (muitas no RJ são controladas pelo tráfico) são só uma forma de transformar um estoque de dinheiro sujo em um fluxo de dinheiro limpo. As milícias, que são uma resposta a violência do tráfico, tb perderiam sua razão de ser. Por isso acho que o que ocorreria seria que sem os lucros do tráfico a capacidade de efetuar tais atividades ia simplesmente minguar. Vocês não acham?

domingo, 14 de setembro de 2008

Provérbio Chinês

Dois livros me deram a idéia desse post. Eles são "The Pirate's Dilemma", Matt Mason e "Against Intellectual Monopoly", David Levine e Michele Boldrin. Pra me dar credibilidade, esse Levine é um economista f***, doutor pelo MIT, pesquisa jogos e eq. geral (publicou, entre 97 artigos, 3 AER e 7 econometricas). Em linhas gerais, os caras dizem que esse sistema de patentes e copyrights foi bom, mas não funciona mais.

O caso é o seguinte. Ao longo dos séculos 17 e 18 foram aprovadas nos EUA e UK (e provavelmente em outros lugares também) leis criando uns direitos de propriedade novos, que recaíam sobre uma coisas imateriais: idéias. Eram leis de copyright (estimuladas pela invenção da prensa móvel) e de patentes. Esse tipo de lei que cria monopólio sobre idéias está vigente hoje (com diferentes graus de seriedade) por todo o mundo.

Os defensores das leis de monopólio intelectual argumentam que a criação de idéias involve um grande custo fixo (de investimento em pesquisa ou criação) e um custo de produção do produto em si muito baixo (impressão de um livro, gravação de um CD, sintetização de uma droga, etc). Isso faz com que, na ausência de monopólio, a produção de novas idéias seja muito lenta.

Essa defesa tem um apelo enorme. Um economista famoso, Douglass North, ganhou o prêmio nobel defendendo que o principal causador da revolução industrial foram as leis de patentes. Grosso modo, toda a tecnologia e riqueza de hoje existiria graça a essas leis e à devida implementação das mesmas.

Agora vamos ao Levine e Boldrin (LB) e Mason(M). LB argumentam que as patentes têm INIBIDO mais do que estimulado a inovação. Empresas que inovaram em algum tempo passado fazem dezenas de patentes "defensivas", o mais genéricas possível. Aí, quando surge uma possível entrante , a empresa entra na justiça e tenta mostrar que a nova empresa está usando alguma de suas patentes. Essa prática chega a proporções absurdas:

 US Patent No 5,576,951: Using graphical or textural
information on a video screen for the purpose of making a sale.


 US Patent No 6,289,319: Accepting information to conduct
automatic financial transactions via a telephone line and video
screen.


(Eu também duvidei quando li a primeira vez, então já coloquei logo os links).

As inovações continuam ocorrendo, e gigantes continuam caindo (IBM, Polaroid, Altavista...). Mas talvez esse processo esteja ocorrendo a uma velocidade menor do que poderia ocorrer.

(M), por sua vez, argumenta que não é mais possível proteger copyright como antigamente, devido às novas tecnologias disponíveis. Mas isso não é novidade. Novas tecnologias mudaram a dinâmica de copyrights antes (invenção do rádio, das fitas VHS, etc), e as empresas de mídia e entretenimento continuaram muito bem. Mas elas só se deram bem porque souberam incorporam as pequenas perdas de propriedade ao seu negócio (ninguém defende que gravar no meu vídeo um filme que passa na TV é uma infração ao copyright).

Concluindo, talvez essaa estrutura de monopólio intelectual pode acabar em um futuro próximo. Existe um antigo provérbio chinês que diz "Quando os ventos da mudança começam a soprar, algumas pessoas constroem abrigos enquanto outras constroem moinhos".

Ps.: Tanto LM quanto M foram consistentes com suas crenças e disponibilizaram os livros em pdf na internet (aqui e aqui).

Programa de Estatística do Concurso do IPEA


Destaques:

- Regressão SIMPLES; múltipla não precisa saber;
- EXPECTÂNCIA; achei que isso era coisa de quem fez graduação na PUC-RJ! ahaha
- Violações do Modelo Clássico de Regressão Linear?
- Variáveis Instrumentais?
- Máxima Verossimilhança?
- GMM?
- Séries de tempo?
- Dados em painel?
- Modelos de escolha discreta?
- Modelos com dados limitados?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Pintaram o Ipea de cinza

Foi publicado esse semana o edital do concurso que contratará pesquisadores para o Ipea. Além de abrir vagas para auxilares, o Instituto contratará 62 novos pesquisadores, o maior concurso de sua história, cada um ganhando quase R$ 11.000. A priori a notícia é boa. Concursos públicos idôneos dão uma um verniz de seriedade às instituições. No entanto um mero olhar no edital mostra a diferença da gestão do atual presidente, Marcio Pochaman, para a de seus predecessores.

Para quem quiser conferir envio abaixo o link do edital deste concurso e do edital de 2004, mas adianto desde já o que se verá. Em estatística não é mais necessário saber máxima verossimilhança, cointegração, VAR, ou qualquer coisa relacionada à econometria que não seja regressão simples. Em micro saíram equilíbrio perfeito em subjogos, selação adversa e moral hazard e equilíbrio geral. Também não é mais preciso saber em macro modelo de Solow, equivalência ricardiana ou Mundell-Feming. Esses são só algumas notórias ausências.

No lugar desses assuntos relevantes para economia o edital de 2008 vem com os seguintes tópicos: "teorias da dependência: o enfoque cepalino e a análise furtadiana; Liberalismo, marxismo e neo-institucionalismo; os programas de transporte no PPA e no PAC;
Divisão internacional do trabalho" e outros tópicos pouco relevantes para pesquisa econômica aplicada.

Ao ler esse edital, o sentimento preponderante é de profunda tristeza. Como o Ipea poderá realizar pesquisa econômica se em seu concurso não é cobrado o conteúdo mínimo para um pesquisador? Como é possível que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada tenha pré-requisitos muito aquém daqueles exigidos para se entrar nos cursos de mestrado do país? Como deixaram o senhor Marcio Pochman e seu séquito se apoderarem do instituto? Como pode o senhor Mangabeira Unger, ministro de assuntos extratégicos, ungido pelo título de professor de Harvard, ser o censor da pesquisa economica? Como pode uma instituição que resistiu às perseguições da ditadura ruir em um governo democrático?

Muitas são as dúvidas e grande é a indignação. O senhor Marcio Pochman diz que faz essas mudanças em prol da diversidade, para colorir o instituto com diferentes linhas de pesquisa. Eu tive a felicidade de ser estagiário do Ipea antes da atual presidência. Em nenhum outro lugar vi seminários de economia com discussões tão acaloradas quanto lá. O corpo técnico criado para resistir às pressões do governo militar evoliu para uma enorme diversidade de pesquisa. Antes da atual presidência, lá estavam alguns dos maiores especialistas no Brasil sobre pobreza, economia ambiental, estatística, econometria, setor público e macroeconomia.

Entretanto, a diversidade da pesquisa lá feita, talvez por ser de fronteira, era invisível ao atual presidente. Agora este, no afã de entender o que lá se fazia, está a ponto de echer o Ipea de mediocres e a mediocridade é cinza. Nas palavras de Marisa Monte, assim como haviam feito com os muros de Gentileza, pintaram o Ipea de cinza.

http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/pdf/Concurso_2008_ipea.pdf

http://www.servidor.gov.br/concursos/arquivos_down/editais_2004/edital_ipea_2004.pdf

sábado, 6 de setembro de 2008

Mercosul, pior impossível

Discussão com Paraguai sobre Itaipu deve começar ainda este mês

BRASÍLIA - O início de discussões mais detalhadas sobre as reivindicações paraguaias a respeito do Tratado da Usina Binacional de Itaipu devem ser iniciadas ainda este mês, com a visita do presidente Fernando Lugo ao Brasil. Foi o que afirmou nesta sexta-feira o chanceler do Paraguai, Alejandro Hamed Franco, durante coletiva concedida depois de uma reunião com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

De acordo com os dois chanceleres, Lugo aceitou o convite para visitar o país e deve vir no próximo dia 17. "Será o momento provavelmente de instalar a mesa que vai tratar especificamente deste tema e em grande medida isso vai contar com a supervisão de técnicos do Ministério das Relações Exteriores do meu país", disse Franco.

Amorim evitou tocar em detalhes de uma possível negociação sobre o valor pago pelo Brasil ao Paraguai em troca da energia cedida pela país vizinho. O ministro voltou a afirmar que o governo brasileiro está disposto a escutar idéias, discutir e "conversar sobre formas pelas quais o Paraguai possa se sentir adequadamente compensado pela utilização de um recurso natural compartilhado entre Brasil e o Paraguai, de uma usina binacional " .

"O Brasil pode ajudar muito, sim, o Paraguai com questões que dizem respeito, por exemplo, a uma melhor utilização da própria energia elétrica, utilização não só urbana, mas industrial", destacou, informando que na última quarta-feira (3) foi concluído o estudo de viabilidade de instalação de uma linha de transmissão de energia de Itaipu a Assunção, capital paraguaia, feito a pedido do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Continua sendo nosso firme propósito financiar essa linha de transmissão", assinalou Amorim.

Ele também garantiu que o governo brasileiro vê como positivos projetos de investimentos, inclusive industrial e agroindustrial. O ministro não descarta a possibilidade de financiamento oficial brasileiro.

O chanceler disse que vê, nos industriais brasileiros, interesse de investir no país vizinho e ressaltou a disposição do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em receber Fernando Lugo.

Comentários:
- Por que o Brasil deveria sentar para renegociar um contrato que está vigente? Só porque trocou o governo paraguaio? Isso não faz o menor sentido.
- O que o BNDES está fazendo? Financiar linha de transmissão no Paraguai? é o fim...

Nós somos os porcos do mundo...

Conheça os porcos europeus, que dividem o BCE e travam verdadeira rixa econômica

Como um casamento, a União Européia parece uma combinação de sucesso aos olhos do mundo. A força do euro diante do dólar e a mão firme do Banco Central Europeu dão rótulo de estabilidade a esta união. Mas como todo casamento, há os problemas. Divergências entre os membros são a atual tônica desta relação; mas não transparecem ao restante do mundo.

Já se passaram dez anos da criação do BCE. Nos relacionamentos normais, o dito popular coloca os sete anos como o período de potencial crise. Para o BCE, a crise vem mesmo nos dez anos. Há um choque entre os membros, grosso modo, divididos entre sul e norte.

Incerteza global à parte, o problema é que tudo parece bem com as economias do norte, e tudo mal com as do sul. Como se trata de uma unidade monetária, as políticas econômicas ficam divididas entre os dois casos. Uma alta no juro básico da região seria sob medida para o "norte" conter o avanço inflacionário, mas limitaria as já limitadas taxas de crescimento do "sul".

Porcos!
A questão chega ao ponto de parecer mesmo pessoal. Como a rixa entre Brasil e Argentina, os termos utilizados para se referir ao "vizinho" beiram a ofensa. Alimentando a tendência atual de siglas para se referir a grupos de países, as nações do sul europeu receberam o apelido de PIGS.

Os "porcos" da Europa, na sigla original, remetem a Portugal, Itália, Grécia e Espanha (Spain, no inglês). Há ainda quem inclua um "i" adicional nos PIGS, para não deixar de fora a Irlanda.

Estas economias vêm apresentando taxas de crescimento mais modestas que seus vizinhos de cima, além de problemas inflacionários e retração de alguns setores em específico. Diversas teses tentam explicar a performance ruim destes países.

Ficaram para trás
Por questões culturais e geográficas, estes países parecem ter ficado para trás em um recente processo de adaptação da estrutura de trabalho, que envolve a migração produtiva para regiões com custos de mão-de-obra mais acessíveis. Uma maciça fuga de trabalhadores dos PIGS para países como a Bélgica dá tom xenofóbico a este debate.

Os países do norte vêem a invasão de trabalhadores em seus países e os índices econômicos da União Européia pressionados pela "contribuição" dos PIGS, o que alimenta o impasse. Entre esta disputa, fica o BCE, que parece ter à frente, assim, o maior desafio desde a sua criação.

(retirado de www.infomoney.com)

Comentários:
1) Será que somos um dos porcos do mundo?
2) Imaginemos um Mercosul com moeda única. Eu prefiro nem pensar nesse desastre...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Meio Ambiente

Achei curioso o texto “decréscimo ou desconstrução da economia”:

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15196

Crescimento econômico que destrói o meio ambiente é um assunto muito sério, afinal um planeta “saudável” é sempre desejável, precisamos do meio ambiente para sobreviver... Todavia, há algumas afirmações no texto que são realmente curiosas, por exemplo:

“Ressurge, assim, o fato indiscutível de que o processo econômico globalizado é insustentável. A ecoeficiência não resolve o problema de um mundo de recursos finitos em perpétuo crescimento, porque a degradação entrópica é irreversível”

Se for indiscutível que o processo econômico globalizado é insustentável, creio que o autor não se lembrou dos efeitos do progresso tecnológico. Acho que discutir a ausência (ou quase) de incentivos para um crescimento econômico ecologicamente correto seria mais apropriado, mas talvez seja isso que ele queira dizer com o construir de uma economia “baseada em uma racionalidade ambiental”.

OK Computer

Tava aqui ncom insônia, aí lembrei de uma história que minha mãe contava pra eu dormir.

Há muito, muito tempo atrás , numa galáxia distânte, uma empresa chamada IBM dominava o mercado de informática (na falta de um nome melhor para o mercado). Essa empresa acreditava que esse mercado seria formado principalmente de grandes servidores. Então surgiu o microprocessador, e com ele os computadores pessoais, e com eles novas empresas  (entre elas a Apple), e todo mundo percebeu que os servidores seriam uma fatia pequena do mercado. Mas a IBM era grande, e teve fôlego para concorrer no mercado de PCs. Talvez pela familiaridade com mainframes (os grandes servidores), a IBM manteve seu foco no hardware (a parte física do computador).

Nesta mesma época surgiu uma nova empresa, a Microsoft, que fez uma aposta: o quente no mercado de PCs não seria o hardware, mas o software. Então a Microsoft assinou acordos com a IBM e várias outras farbicantes de PCs para que os mesmos fossem vendidos com seu software instalado, o DOS. E eles acertaram. Posteriormente, do DOS surgiu o Windows 3.1, que facilitou absurdamente a utilização do PC. Do Windows 3.1 surgiu o Windows 95, que melhorou ainda mais a vida do usuário.  Depois continuaram vendendo o Windows 95, mas mudando o nome no menu iniciar de 3  em 3 anos (98, 2000, XP, Vista). E nesse tempo todo, e virtude da qualidade dos programas e de artifícios para impedir a utilização de programas concorrentes, 90% dos computadores do mundo têm rodado com os softwares que a Microsoft vende.

Nesse meio tempo, em meados da década passada, surgiu a internet. E centenas (ou milhares, sei lá) de empresas surgiram, cada uma propondo um negócio novo baseado na nova tecnologia. Entre elas, o Google. O Google era um sistema de busca com um algorítmo novo e uma estratégia de marketing diferenciada. Alguns anos depois ele já era líder de mercado, desbancando o Altavista.

Aqui terminava a história da minha mãe e começa a que eu vou contar pro meu filho daqui a uns anos.

O Google logo começou a tentar diversificar sua atividade. E de uns anos pra cá o Google tem feito uma aposta: os softwares passarão a ser serviços oferecidos através da web. Entre os serviços já oferecidos pelo próprio Google estão Earth, Gmail, Docs, Mapas, Notícias, YouTube, Blogger, Desktop, Finance, Scholar e Picasa. Prestando atenção, o Gmail e o Docs são desafios diretos ao Outlook, Word, Excel, PowerPoint e Acces, enquanto os outros são novidades.

E aí que entra o Chrome. Na imprensa ficaram falando do desafio ao Internet Explorer, que detém N% do mercado, da ameaça ao Firefox, do lançamento do Internet Explorer 8, blá blá blá. Mas a notícia devia ser outra.

O navegador foi feito na medida para rodar aplicativos direto da web. E, se todo esse papo (que é chamado pelo nome horroroso de Computação nas Nuvens) colar, esquece o software, em vez de windows e toda a parafernália da microsoft instalada no seu PC, você vai precisar só de um navegador e um ponto de acesso à internet. E esquece o hardware, qualquer 486 tá valendo.

Se as pessoas vão aderir ou não deve depender da velocidade e da disponibilidade de conexões à rede e da segurança oferecida no tráfego de dados. Agora eu mesmo só adiro se fizerem um Google Matlab. 

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Guia PT - Como se comportar em uma solenidade

Eu tenho tanta sorte que acho que Deus passou por aqui e resolveu ficar. Porque a sorte aumenta a cada dia. - PRESIDENTE LULA, na solenidade de extração do primeiro óleo do pré-sal


Ok.

Por isso que a água é salgada? É por causa do pré-sal? eu pensei que fosse por causa do xixi que as pessoas fazem na praia no domingo. IDEM, dirigindo-se ao diretor de Exploração da Petrobras, Guilherme Estrella

Ha ha ha.

Sem dúvida nenhuma, a Petrobras achou petróleo atrás do galinheiro do Sítio do Pica-Pau Amarelo. - DILMA ROUSSEFF, ministra da Casa Civil.

???

Fonte: O Globo.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Até quando os gastos do governo irão aumentar?

Governo prevê aumentar arrecadação e gasto com pessoal no Orçamento 2009

EDUARDO CUCOLO
da Folha Online, em Brasília

As receitas com impostos e contribuições e os gastos com pessoal estão entre os itens que mais vão crescer em 2009, de acordo com o Projeto de Orçamento apresentado hoje pelo governo.

O governo estima para o próximo ano receitas líquidas de R$ 662,3 bilhões, um aumento de 12,5% em relação a 2008. A arrecadação de impostos prevista é de R$ 288,7 bilhões, um aumento de 16,6%. Das contribuições sociais, o governo terá mais R$ 222 bilhões (alta de 10%).

Os impostos de contribuições arrecadados pela Receita Federal, exceto contribuição da Previdência, vão aumentar sua participação no PIB (Produto Interno Bruto), de 15,62% para 16,05% (esse número não mede a carga tributária, que está em mais de 35% do PIB).

Estão previstas ainda R$ 776 bilhões em receitas financeiras e outros R$ 146,5 bilhões para transferências a Estados e municípios.

O governo também reduziu a previsão do déficit da Previdência, que deve ficar em R$ 38,1 bilhões neste ano e R$ 40 bilhões em 2009. Em 2007, o resultado negativo foi de R$ 47 bilhões.

Despesas

O Orçamento prevê um aumento das despesas do governo no próximo ano acima das receitas. As despesas obrigatórias devem crescer 13,1%, de R$ 403 bilhões para R$ 456 bilhões.

Para os gastos com pessoal, serão R$ 22 bilhões a mais. Os gastos com os servidores vão subir 16,5%, para R$ 155,3 bilhões. O valor é equivalente a 4,93% do PIB, um aumento em relação ao percentual de 2008 (4,65%). No início do governo Lula (2003), estava em 4,51%.

O pagamento de benefícios assistenciais aumentará 14,6%. As despesas não-obrigatórias vão subir de R$ 136 bilhões para R$ 152 bilhões (11,5%).

No total, as despesas não-financeiras previstas para 2009 somam R$ 750 bilhões, sendo que 90% desse valor são gastos obrigatórios.

Já o orçamento da Educação vai subir de R$ 27,9 bilhões para R$ 39,4 bilhões. Os gastos com Saúde passam de R$ 48,1 bilhões para R$ 54,8 bilhões. A Defesa vai passar de R$ 38,5 bilhões para R$ 50,2 bilhões, dentro do programa de reaparelhamento das Forças Armadas.

Economia

O governo manteve as metas de superávit primário para 2009. O setor público terá de economizar novamente o equivalente a 3,8% do PIB (Produto Interno Bruto) para pagar os juros da dívida.

Desse valor, 2,2% serão feitos pelo governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central). Outros 0,65% ficam com as estatais federais e 0,95% com Estados e municípios.

Haverá também um dispositivo para que haja uma economia extra de 0,5 ponto percentual para o Fundo Soberano do Brasil, de R$ 15,6 bilhões.



Para se pensar... "Ninguém gasta o dinheiro dos outros com tanto cuidado como gasta o seu próprio. Se quisermos eficiência e eficácia, se quisermos que o conhecimento seja bem usado, isso precisa ser feito por meio da iniciativa privada." ( Milton Friedman )