sábado, 6 de setembro de 2008

Nós somos os porcos do mundo...

Conheça os porcos europeus, que dividem o BCE e travam verdadeira rixa econômica

Como um casamento, a União Européia parece uma combinação de sucesso aos olhos do mundo. A força do euro diante do dólar e a mão firme do Banco Central Europeu dão rótulo de estabilidade a esta união. Mas como todo casamento, há os problemas. Divergências entre os membros são a atual tônica desta relação; mas não transparecem ao restante do mundo.

Já se passaram dez anos da criação do BCE. Nos relacionamentos normais, o dito popular coloca os sete anos como o período de potencial crise. Para o BCE, a crise vem mesmo nos dez anos. Há um choque entre os membros, grosso modo, divididos entre sul e norte.

Incerteza global à parte, o problema é que tudo parece bem com as economias do norte, e tudo mal com as do sul. Como se trata de uma unidade monetária, as políticas econômicas ficam divididas entre os dois casos. Uma alta no juro básico da região seria sob medida para o "norte" conter o avanço inflacionário, mas limitaria as já limitadas taxas de crescimento do "sul".

Porcos!
A questão chega ao ponto de parecer mesmo pessoal. Como a rixa entre Brasil e Argentina, os termos utilizados para se referir ao "vizinho" beiram a ofensa. Alimentando a tendência atual de siglas para se referir a grupos de países, as nações do sul europeu receberam o apelido de PIGS.

Os "porcos" da Europa, na sigla original, remetem a Portugal, Itália, Grécia e Espanha (Spain, no inglês). Há ainda quem inclua um "i" adicional nos PIGS, para não deixar de fora a Irlanda.

Estas economias vêm apresentando taxas de crescimento mais modestas que seus vizinhos de cima, além de problemas inflacionários e retração de alguns setores em específico. Diversas teses tentam explicar a performance ruim destes países.

Ficaram para trás
Por questões culturais e geográficas, estes países parecem ter ficado para trás em um recente processo de adaptação da estrutura de trabalho, que envolve a migração produtiva para regiões com custos de mão-de-obra mais acessíveis. Uma maciça fuga de trabalhadores dos PIGS para países como a Bélgica dá tom xenofóbico a este debate.

Os países do norte vêem a invasão de trabalhadores em seus países e os índices econômicos da União Européia pressionados pela "contribuição" dos PIGS, o que alimenta o impasse. Entre esta disputa, fica o BCE, que parece ter à frente, assim, o maior desafio desde a sua criação.

(retirado de www.infomoney.com)

Comentários:
1) Será que somos um dos porcos do mundo?
2) Imaginemos um Mercosul com moeda única. Eu prefiro nem pensar nesse desastre...

2 comentários:

Tiago Caruso disse...

Não sei quem escreveu esse texto mas a pessoa não entende nada de economia, tampouco de União Européia. Eu havia feito um gráfico comparando o crescimento dos PIIGS (Portugal, Italia, Irlanda, Grécia e Espanha) com o resto da europa, mas não consegui colá-lo nos comentários. Fato é que esses países ha 10 anos crescem significativamente acima da média da união européia.

Irlanda saiu de um decadente páis industrial para um dos países mais ricos do mundo. A Espanha pós-Franco se desenvolveu como nunca. Grécia e Portugal vinham crescendo bem mais que 3% ao ano, só agora que os lusitanos implementaram uma política contracionista pois gastaram demais. Talvez as críticas só fossem pertinentes para Itália.

De qualquer forma é desagradável ver economistas tentando justificar xenofobia. Felizmente, esses comentários não resistem à análise dos dados.

Ricardo Leal disse...

além do mais, com exceção da itália, são justamente esses os países que implementaram, ou pelo menos tentaram, reformas trabalhistas mais significativas tentando reduzir o custo do trabalho pra competir principalmente com países do leste europeu. Os países do 'norte' como belgica, frança e alemanha ainda caminham muito timidamente nesse sentido e perdem fábricas e etc. com isso. Ao ponto de ponto de muitos do imigrantes voltarem a seus países de origem, como os 'proverbial' bombeiros poloneses na inglaterra.
Além do mais, como o caruso disse, o PIGS já crescem há muito tempo a taxas superiores ao resto da regiao do euro. Só que agora, como nos eua, o setor imobiliário despencou fortemente na espanha e na irlanda, levando a quedas na taxa de crescimento. Pelo q já li sobre essas quedas (muita sobre isso no The Economist), foram até mais drásticas do que a americana.