quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Preços nos EUA OU câmbio no Brasil?

Para quem não conhece, John Williams' Shadow Government Statistics apresenta versões alternativas de cálculos oficiais para vários indicadores econômicos, de inflação a desemprego, em contraposição àqueles divulgados pelo Governo dos EUA - que, segundo John Williams, seriam manipulados, contaminados pelo "financial-market and political hype".

John Williams tem também suas opiniões sobre as políticas de reativação da economia norte-americana. Segundo uma nota recente (veja aqui), Williams aponta para uma hiperinflação inescapável, entre 2010 e 2018, com "riscos particularmente altos de que uma crise hiperinflacionária estoure já em meados do próximo ano".

Seu argumento é de que imprimir dinheiro é a única maneira disponível para que o Governo dos EUA possa arcar com as obrigações financeiras crescentes, cujo montante é alto o suficiente para que seja impraticável fazer frente a elas através de aumento de impostos, e diante da impossibilidade de um corte de gastos, algo que considera "intocável" no atual contexto. Adicionalmente, o dólar desvalorizado é uma força adicional no sentido de perda de poder de compra do consumidor americano.

Para mim, é justamente esse último ponto que escapa a Williams. Para arcar com compromissos cada vez maiores, os EUA precisam gerar recursos. Isso significa imprimir mais moeda ou inverter radicalmente o panorama recente do balanço norte-americano em transações correntes e passar a exportar radicalmente mais. A "desvalorização concertada" que vem ocorrendo lembra exatamente o arranjo do acordo de Plaza, de 1985, a partir do qual o dólar se desvalorizou e que permitiu uma re-ignição à economia norte-americana.

Nesse contexto, o que há de diferente é que os chineses não querem assumir os custos do ajuste como fizeram os japoneses, então vistos como "a nova primeira potência mundial". Inclusive, em reportagem recente no Valor, os chineses reconhem através de uma série de declarações oficiais que a valorização do yen à época empurrou a economia japonesa para a recessão na qual se encontra até hoje, em alguma medida.

Não está claro até que ponto a UE, e a Alemanha, em especial, serão capazes de evitar ao menos parcialmente esse ajuste. O que é certo é que o Brasil, apesar de uma ou outra tentativa de valorização controlada, será parte integrante desse ajuste estrutural, e a pressão de valorização (que hoje já alcançou a marca de 25% no ano) deve seguir bastante firme até que os EUA comecem a dar sinais de recuperação, impulsionados pelo setor externo.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Goodbye Paul Samuelson

Nota do MIT:
Samuelson, an Institute Professor Emeritus and Gordon Y Billard Fellow at MIT, was one of the world’s leading economists for more than half a century. When he became the first American to win the Nobel Memorial Prize in economics in 1970, a year after the prize was created, the Swedish Royal Academy said that he “has done more than any other contemporary economist to raise the level of scientific analysis in economic theory.”

Nota da Newschool of Social Research:
The wunderkind of the Harvard generation of 1930s, where he studied under Schumpeter and Leontief had a prodigious grasp of economic theory which has since become legendary (an unconfirmed anecdote has it that at the end of Samuelson's dissertation defense, Schumpeter turned to Leontief and asked, "Well, Wassily, have we passed?"). Paul Samuelson moved on to M.I.T. where he built one of the century's most powerful economics departments around himself. He was soon joined by R.M. Solow who was to be come Samuelson's sometime co-writer and partner-in-crime.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Futuro dos Jornais

Essa recente batalha entre Jornais e o Google mostra como os donos de jornais estão despreparados para o futuro da notícia. A diferença semântica na frase que você acabou de ler parece ser incompreensível para os jornalistas. Estes acreditam que notícia e jornal são sinônimos. Mas para qualquer usuário costumaz de internet, é claro que as duas coisas são muito diferentes.

Primeiro, uma ressalva. Países em desenvolvimento, como o Brasil, ainda têm muito espaço para crescimento dos jornais e revistas tradicionais. Notícia de hoje, 65% da população não tem acesso à internet, e nesses 35% de usuários muitos têm acesso precário. E a porcentagem de leitores de jornais e revistas é, presumivelmente, muito baixa.

O caso nos países desenvolvidos é mais sério. Vários jornais tradicionais dos EUA estão com dificuldades de pagar dívidas, circulação decliante e receita de publicidade estagnada, resultando inclusive em demissões em massa. E os donos desses jornais culpam a internet. Como boa parte do tráfego se dá pelo google, o site de buscas acaba ficando com grande parte da receita de publicidade online. E não paga um centavo pelo conteúdo.

Aí os jornais querem tirar o conteúdo do google. Eu acho um tiro no pé. Isso funciona para o Financial Times, por exemplo, que vem tendo muito sucesso cobrando pelo conteúdo, mas me parece óbvio que isso ocorre por causa do público especializado que se interessa por notícias financeiras. Não vejo isso acontecendo para o USA Today ou NY times.

Enquanto isso, os jornais organizam suas páginas como se fossem, surpresa!, jornais. Não existe nenhum esforço para tornar o consumo da notícia mais fácil para o usuário. Um exemplo simples, mas que eu achei genial, é atualizar progressivamente uma página que segue um acontecimento específico. Aqui, na folha online por exemplo, nós somos obrigados a ficar vasculhando as notícias relacionadas.

Resumindo, o nome do jogo é inovação. O Google juntou toda a informação espalhada num lugar só, facilitando a vida de todo mundo. Por isso lucra bilhões. Se os jornais não facilitarem nossa vida de alguma outra forma, vão continuar definhando. Não é tentando cobrar migalhas dos portais de busca que vão solucionar o problema.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Divagando sobre nomes de recém nascidos, internet e Wolfram Alpha


Hoje no jantar, como de costume, estávamos comendo nossa santa pizza. Enquanto comia, decidi dar uma olhada na internet, péssimo costume, mas isso não interessa. Depois de algum tempo navegando, por algum motivo obscuro, entrei no Wolfram Alpha. Decidi buscar o nome do meu colega Rafael (228º nome dado no ano passado a recém nascidos nos Estados Unidos). Surpreso comecei a pensar qual deveria ser o nome mais comum, Peter (183), Paul (155), George (153), Michael (2)... E nada...

Os dados são do SSA (Social Security Administration), estão disponíveis os dados de 1880 à 2008 para a proporção de recém nascidos com um determinado nome. Montei as funções acumuladas e percebi que a concentração de nomes tem diminuído expressivamente.

Existe uma natural tendência de diminuição da concentração. Mas o que explica o salto de 1990 para 2000? E o que explica a pequena variação de 1880 à 1980?

A internet é a explicação deste fenômeno. Com um acesso a um banco de dados cada vez mais rico, os nomes mais comuns perdem concentração. E aparentemente, houve um aumento na velocidade de redução de concentração. O esperado é que após o choque da internet, a concentração voltasse a sua redução normal, mas não é o que ocorre. Talvez, o que está ocorrendo é um processo de transição entre equilíbrios. As pessoas estão descobrindo esses nomes novos e estão renomeando aos poucos, conforme o tempo vai passando.

A fartura e a qualidade dos dados americanos são de invejar qualquer planejador central. Fico pensando se existe um banco de dados desse por aqui.

Para os curiosos, o nome mais comum de recém nascidos é Jacob, Michael é o segundo colocado.
O gráfico abaixo mostra a proporção de recém nascidos com o nome Michael e Jacob em cada ano.


Neste outro gráfico mostra a proporção de Jacobs e Michaels em termos de idades. O que será que explica esse fenômeno Jacob?


Alguns fatos sobre o Brasileirão

Os fatos (a tabela está horrível e saindo cortada, por favor clique sobre a mesma para visualizá-la por completo):

Os números de 2005 e 2004 não são diretamente comparáveis com os outros anos. O campeonato tinha mais rodadas, então podem existir vários efeitos sobre os números, como, por exemplo, o fato de a porcentagem de rodadas importantes em relação ao total de rodadas ser menor. Ou existirem mais times inexpressivos (em 2006, por exemplo, o São Caetano teve média de 1900 torceodres por jogo).
Mas, em palavras, os fatos são que a média de público está estacionada em torno de 17 mil torcadores por jogo, mas a arrecadação vem crescendo consistentemente. Conclusão? Não sei. Só achei o fato interessante.
A fonte é o site da CBF, onde você pode encontrar várias outras informações interessantes.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Marcos Valério, de novo...

... dessa vez, envolvido no escândalo do mensalão do DEM (leia aqui). Eu não consigo acreditar que uma coisa assim seja possível, que o sujeito tenha sido o viabilizador do maior esquema de corrupção já documentado no país - ao longo do 1º governo Lula - possa não apenas não pagar por nada do que fez como ainda continuar operando desvios de recursos 4 anos depois. É ultrajante.

P.S.: Olhando para o outro lado da história, por que sempre ele? O que justifica que esse cara tenha o monopólio sobre a operação desses esquemas? E mesmo depois de descoberto! Que tecnologia ele domina? Que barreiras à entrada existem?