terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Divagando sobre nomes de recém nascidos, internet e Wolfram Alpha


Hoje no jantar, como de costume, estávamos comendo nossa santa pizza. Enquanto comia, decidi dar uma olhada na internet, péssimo costume, mas isso não interessa. Depois de algum tempo navegando, por algum motivo obscuro, entrei no Wolfram Alpha. Decidi buscar o nome do meu colega Rafael (228º nome dado no ano passado a recém nascidos nos Estados Unidos). Surpreso comecei a pensar qual deveria ser o nome mais comum, Peter (183), Paul (155), George (153), Michael (2)... E nada...

Os dados são do SSA (Social Security Administration), estão disponíveis os dados de 1880 à 2008 para a proporção de recém nascidos com um determinado nome. Montei as funções acumuladas e percebi que a concentração de nomes tem diminuído expressivamente.

Existe uma natural tendência de diminuição da concentração. Mas o que explica o salto de 1990 para 2000? E o que explica a pequena variação de 1880 à 1980?

A internet é a explicação deste fenômeno. Com um acesso a um banco de dados cada vez mais rico, os nomes mais comuns perdem concentração. E aparentemente, houve um aumento na velocidade de redução de concentração. O esperado é que após o choque da internet, a concentração voltasse a sua redução normal, mas não é o que ocorre. Talvez, o que está ocorrendo é um processo de transição entre equilíbrios. As pessoas estão descobrindo esses nomes novos e estão renomeando aos poucos, conforme o tempo vai passando.

A fartura e a qualidade dos dados americanos são de invejar qualquer planejador central. Fico pensando se existe um banco de dados desse por aqui.

Para os curiosos, o nome mais comum de recém nascidos é Jacob, Michael é o segundo colocado.
O gráfico abaixo mostra a proporção de recém nascidos com o nome Michael e Jacob em cada ano.


Neste outro gráfico mostra a proporção de Jacobs e Michaels em termos de idades. O que será que explica esse fenômeno Jacob?


11 comentários:

Strauss disse...

É o fenômeno Lost.

abraço,
Strauss

Anônimo disse...

Puzzle bem facil de explicar

a maior diversidade de nomes se deve a imigracao

o fenomeno Jacob se deve a colecao de livros/filmes sobre vampiros e lobisomens cujo nome me escapa. Jacob eh o lobisomem com barriga de tanquinho

Carlitos disse...

Tambem pensei que fosse imigração... internet não me parece suficiente para explicar, até porque a peer pressure de quem está em volta de você é mais forte ao estimular nomes mais comuns ao invés de um exótico que você achou na internet.

Exemplo: A dona de casa achou o nome "Vagner Love" lindo, mas suas amigas fofoqueiras acham extremamente incomum. Pronto, a mãe chama de Jacob ou Michael.

Victor disse...

Anônimo:
Essa é a explicação do Levitt para o assunto.

Já o efeito "do livro"... pode explicar em 2008, mas não a explosão na década de 70.

Parafraseando um amigo meu:
"É mais fácil a personagem ter o nome Jacob, por ser um nome comum, do que o contrário."

Carlitos:
Tradição parece não explicar Jacob, dê uma olhada naquele segundo gráfico...

Guilherme Lichand disse...

muito interessante o gráfico da concentração... mas a variação entre 1880 e 1980 é monotônica? caso contrário você dar um salto de 100 anos pode estar criando um suposto fato estilizado ao mascarar outros.

Sobre o fenômeno Jacob, há algo de muito estranho no gráfico. Jacob é um nome bíblico, e portanto, assim como todos os nomes bíblicos, muito comum nos EUA desde sempre. Não faz sentido nenhum esse zero entre 30 e 70.

Anônimo disse...

Uma outranpossibilidade para a ascensao e declinio do nome Jacob eh q sendo um nome comum entre judeus e cristaos, quando a imigracao hebraica se tornou proeminente, familias cristas abandonaram esse nome, que so retornou depois do Civil Rights Act e os anos 60 quando os judeus foram assimilados ao mainstream.

Arthur disse...

Lichand,

Pode ser que evangélicos pentecostais tenham maior propensão em colocar em seus filhos nomes bíblicos como Jacob em seus filhos vis-à-vis evangélicos tradicionais. Assim o crescimento do primeiro grupo vis-à-vis o segundo grupo pode explicar o 'fenômeno Jacob'.

Guilherme Lichand disse...

Interessante, Arthur, mas e o ZERO entre 30 e 70?? É legal tentar justificar uma tendência, mas se eu gerar dados aleatórios no Excel e postar aqui também vai aparecer um monte de gente tentando explicar. Eu acho que os dados estão errados.

Abs

Anônimo disse...

Estou curioso sobre os Adolf

Carlitos disse...

Victor,
Nao disse que tradição explica o surgimento de "Jacob", apenas quis mostrar que a tradição dificulta a adoção de nomes estranhos pelas mães, o que diminui a plausibilidade da ideia de que a internet mudou radicalmente os nomes que as mães dão aos filhos.

lucas disse...

post legal,
não vejo muito porque a internet ou a tecnologia leve necessariamente a concentração ou desconcentração dos nomes. Imigração parece muito mais razoável.

abs