sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Mantega e o Valor Esperado

Mais uma demonstração de brilhantismo do nosso ministro da economia:

Hoje em entrevista ao Jornal Nacional Mantega declarou:

"ao cobrar uma taxa de juros mais elevada, cria a inadimplência; você dificulta ao cidadão pagar a conta. Eu acho que essa política dos bancos é totalmente equivocada, é claro que leva a lucros elevados dos bancos, mas depois é um tiro no pé, porque se o cidadão depois ficar inadimplente, ele não vai pagar".

Alguém precisa explicar ao ministro que ao contrário dele, pessoas em banco sabem fazer conta de valor esperado. Por isso a inadimplência é levada em consideração ao se calcular a taxa de juros cobrada, que, aliás, é aquela que maximiza o lucro do banco.

Fico com pena do professor de estatística que ele teve na USP, deve estar se contorcendo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

a crise em números:

"This is a forward I received today, not sure of the original source, please let me know if you are aware of the proper attribution:

This is a great analogy of how bad the current financial crisis is and how overvalued it was a year ago.

One year ago… RBS paid $100 billion for ABN Amro.

Today… The same amount could now buy:

Citibank $22.5 bn
Morgan Stanley $10.5 bn
Goldman Sachs $21 bn
Merrill Lynch $12.3 bn
Deutsche Bank $13 bn
Barclays $12.7 bn

And still have $8bn change...for which you would be able to pick up GM, Ford, Chrysler and the Honda F1 Team"%"

Internet 2.0

Estava lendo a Folha Online quando achei essa pérola:

Maria Inês Dolci: Consumidor deve rejeitar produtos de empresas que demitem

Entrei para ver do que se tratava e encontrei mais esta pérola, no post logo abaixo (se trata de um blog):

"Quando a Selic sobe o reflexo nos financiamentos para o consumidor é imediato, mas quando recua as alegações são diversas para tudo continuar nas alturas com os mais elevados juros do Planeta!"

Aí entrei nos comentários para ver o coro "Morte aos Banqueiros", mas para a minha surpresa, encontrei isto (por algum motivo os comentários de ambos os posts estavam juntos):

"Sua idiota se boicotar quem demite, eles vão vender menos e demitir mais ainda.....que idéia de "jênio" essa sua hein?"

"Os juros são altos porque: 1) A inadimplência é altíssima; 2) Não há punição para os inadimplentes e é muito difícil ao banco reaver o que foi emprestado, seja em dinheiro ou um bem, as leis beneficiam o infrator. Sendo assim, resta aos bancos cobrarem altos juros e o honesto acaba pagando pelo desonesto. Por outro lado, ouvi seu comentário na Folha de que devemos evitar de consumir produtos de empresas que demitem. Discordo. Devo evitar empresas que me fornecem maus produtos. Empresa não é uma ação entre amigos. É para servir à população com bons produtos e serviços da forma mais eficiente e barata possível. Olhando pelo outro lado, seria o mesmo que pedir para evitar ter amigos pessoas que se demitem ("sacaneando" a empresa) ou pedem aumento nos empregos ("tirando" recursos que poderiam permitir contratar mais gente ou dar aumento para os mais pobres)... Esse negócio bem brasileiro de ver empresas como "bandidos", "malvados" só nos leva ao atraso."

"Só quem não conhece a realidade de um empresa para vir com esta idéia de boicotar os empresários que demitem. Assim como empregam, tem o direito de desempregar também. Ou a senhora prefere que fechem a empresa e deixe os demais desempregados. Ninguem demite porque gosta, mesmo porque é muito difícil conseguir mão de obra de qualidade neste país. Então quem tem empregados experientes e capacitados só vai demití-los em último caso. Pense a respeito."

"Bancos cobram juros altos, que são pagos por aqueles que QUEREM PAGAR. Não há em nosso país a cultura da poupança, de ganhar primeiro e gastar depois. Todos querem gastar primeiro e ganhar depois. Vejo as coisas de forma simples: há dois tipos de pessoas, aquelas que gostam de pagar juros, e que nunca atingem uma situação financeira confortável, e aqueles que, mais organizados, preferem ganhar juros.Acho ganhar juros bem mais interessante que pagar, embora a maior parte dos brasileiros pense diferente."

O que mostra que esse negócio de conteúdo colabrativo pode mesmo melhorar a qualidade da informação...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Governmentium auto-destruction

Hoje nos jornais, foi publicada a segunda notícia do governo Lula merecedora de elogios em menos de um mês: o projeto contra a burocracia pública.

O primeira notícia havia sido o reajuste da tabela do imposto de renda. Dado que o governo quer fazer uma política fiscal expansionista (o que é questionável), cortar impostos é a melhor forma de fazê-la. Não comentei essa notícia antes em parte porque não achei o reajuste do IR o melhor corte possível ( seria melhor um corte que atingisse diretamente a população mais pobre), em parte por covardia. Achei que era cedo de mais para elogiar o governo.

Entretanto, o novo projeto fez com que saísse do meu silêncio. O pacote contra a burocracia tem algumas boas notícias. Um deles é passar para o Estado a responsabilidade de procurar em seus bancos de dados informações acerca dos cidadãos. Isso tende a reduzir a condição kafkaniana de algumas instituições públicas.

Outro ponto positivo é o programa que incentiva os funcionários públicos a descobrir como reduzir custos opercionais. Confesso que apenas o li supercialmente, mas não parece estar em desacordo básico com a idéia de incentivos. Além do mais, qualquer aumento de produtividade no funcionalismo público é mais que bem-vindo, é necessário.

Contudo, a medida mais promissora é o fim da exigência do reconhecimento de firma pelos órgâos públicos. Reconheço que isso já é feito em São Paulo e que essa lei já foi sancionada antes. Não obstante se essa lei for cumprida será um excelente avanço no aparelho estatal, bem como um enfraquecimento dos cartórios, como bem colocou Raymundo Faoro, herdeiros dos Donos do Poder.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Post-Especulação (ou Post-Reflexão)

Não sei se faz muito sentido, mas pode ser que o COPOM tenha esquecido momentâneamente da inflação e resolveu tentar estimular a economia. Digo isso porque, se a preocupação fosse manter a inflação na meta, a seguinte historinha não faria muito sentido:

Antes de Ontem: BC reduz juro em 1,0 ponto, maior corte desde fim de 2003

Ontem: Taxa de desemprego no país cai a menor nível desde 2002

Hoje: Inflação surpreende e IPCA-15 sobe 0,40% em janeiro

Sem esquecer que o câmbio se desvalorizou cerca de 40% nos últimos meses.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Agenda 2009: Cruzando a tormenta

Convido os colegas do blog a opinarem sobre quais os eventos deverão marcar 2009.

Será um ano interessante para os defensores e críticos da ortodoxia na gestão da política macroeconômica. Com a desaceleração global, poderemos avaliar quão resistentes são os pilares: 

-Regime de câmbio flutuante

-Meta de inflação 

-Responsabilidade fiscal.

E mais do que isso, avaliar se proporcionaram um ambiente mais saudável para a economia, fornecendo estrutura para a recuperação futura. 

Que venha a tormenta em 2009! 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Carta de funcionarios do Ipea contra o concurso

"
Carta de alguns funcionários da instituição ao presidente do IPEA

Os abaixo-assinados, técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), sentimo-nos na obrigação de manifestar nossa perplexidade e desacordo com a orientação e os critérios adotados na elaboração das provas escritas, em particular nas questões ditas "objetivas", do concurso para o preenchimento de vagas do quadro técnico do IPEA que atualmente se realiza.

Essa manifestação justifica-se por nossa apreensão com as conseqüências que a seleção de candidatos com base em questões eivadas de problemas de sintaxe gramatical e lógica, bem como de nível inadequado para a escolha de técnicos de formação superior, poderá acarretar para a qualidade dos pesquisadores admitidos, comprometendo portanto a capacidade futura do IPEA de realizar os estudos e as pesquisas requeridas para o planejamento do desenvolvimento brasileiro no longo prazo.

Em termos mais precisos, nossas restrições à formulação da prova radicam-se nos seguintes aspectos:

1. Grande número das questões ditas "objetivas" consistiu, na verdade, de proposições normativas ou proposições positivas carentes de comprovação empírica cabal sobre as quais solicitava-se dos candidatos uma avaliação como "certa" ou "errada." Como se sabe, proposições dessa natureza não admitem avaliação como verdadeira ou falsa. De forma viciosa, portanto, os candidatos viram-se induzidos a escolher aquela resposta que mais lhes parecia se coadunar com os supostos pontos de vista dos formuladores da prova.

2. Nas questões de caráter teórico, que não incorrem no problema anteriormente mencionado, o nível de conhecimento científico requerido foi ostensivamente insuficiente para a seleção de técnicos para uma instituição de pesquisa como o IPEA.

3. Por fim, é de se destacar o pequeno número de questões sobre métodos quantitativos, todas elas com nível aquém do desejável para técnicos de uma instituição de pesquisa aplicada, quer seja essa na área de economia, relações internacionais, sociologia, antropologia, ciência política ou ambiental.

Em face do exposto acima, concluímos que, na formulação das provas escritas, o concurso foi inapropriado, não constituindo instrumento adequado para seleção de quadros técnicos para essa instituição. Suas conseqüências serão danosas para o IPEA e para a sociedade brasileira.

Certos de sua compreensão, colocamo-nos à disposição para esclarecimentos e subscrevemo-nos, assinaturas"
"