segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Pintaram o Ipea de preto

Ocorreu a morte anunciada do Ipea. Todas as pessoas que acompanham o que vem acontecendo no Insituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, desde que Marcio Pochman chegou a sua presidência, esperavam por uma prova ruim para a seleção dos futuros integrantes do órgão. Foi pior.

A prova de conhecimentos básicos, comum a todos os cargos, não estava ruim, apenas refletia o fraco conteúdo presente no edital, já comentado nesse blog. Apenas uma pergunta trivial sobre econometria.

Já a prova de conhecimentos específicos foi estapafúrdia. Poderia discorrer sobre o absurdo e a tendênciosidade da prova, mas suas questões falam por si só:

Certo ou errado?: “A especulação financeira vislumbra como luz no fim do túnel o brilho do tesouro nacional.”

Certo ou errado?: "O termo neoliberalismo designa uma corrente de organização da atividade econômica que capciosamente ecoa um movimento histórico com o qual em realidade e na prática não partilha fundamentos e princípios."

Certo ou errado?: "Para os Estados, a tecnologia afeta a soberania."

Corpo de um texto da prova: "O Consenso de Washington -a infame lista que apontava a autoridades monetárias de países em desenvolvimento o que fazer e o que não fazer- havia se dilapidado em grande parte."

Não pára por ai. Inúmeros são os exemplos de atrocidades e idelogias nessa prova, quem quiser pode postá-los nos comentários.

O número de pessoas que entrará por esse concurso será grande, além da intenção da presidência de usar essa prova para criar uma reserva de futuros "pesquisadores". Se nada for feito contra esse concurso, e dificilmente algo será, o Ipea como instituto de pesquisa econômica aplicada morreu.

Defensores da nova presidência argumentavam que o Ipea seria um Instituto de Pesquisa Estratégica. Com esse exame de seleção, nem isso poderá ser. Será no máximo um órgão para reproduzir a ideologia do momento, um porta-voz de luxo do governo.

77 comentários:

Ricardo Leal disse...

Caruso:
Qual foi a tua especifica?

Tiago Caruso disse...

Foi economia e relações internacionais. Não foi das piores. Microeconomia estava bem ideológica.

Anônimo disse...

Onde eu encontro as provas?

M disse...

O título do post podia ser "Pintaram o IPEA de Preto" ou "Instituto de Poesia Econômica Aplicada".

Sério.

Anônimo disse...

Que tal esse titulo:

Idiocracia.

"O"

Anônimo disse...

E sobre as duas questões dissertativas, o que você achou?
Estava familiarizado com textos da UNCTAD, CEPAL e com autores franceses como Plihon?

Anônimo disse...

não vai nem fazer pesquisa nem ser aplicado. Pq as técnicas de pesquisa aplicada foram ignoradas.

Se é pra mudar o nome, minha sugestão fica: Instituto de Política Econômica Ativista

Guilherme

Anônimo disse...

Pelo jeito, o nome do instituto terá que ser mudado para "Instituto de Petistas Energúmenos e Aloprados".
Ah, e tenho uma sugestão para outro post: checar como que um PHD por Illinois consegue a proeza de fazer cagadas dignas de um Pokemon ou um Sicsú. Me refiro, é claro, ao caudilho do Equador.

Anônimo disse...

Não consigo acreditar...

Nenhuma dúvida sobre a honestidade de vocês, mas é muito surreal: a questão foi realmente assim?

"Certo ou errado?: “A especulação financeira vislumbra como luz no fim do túnel o brilho do tesouro nacional.”"

Completamente sem palavras. A última vez que eu me senti assim foi quando o Obina ajeitou a bola no bico esquerdo da área, com liberdade, chutou e ela saiu na lateral do outro lado.

Pelo menos, de vez em quando o Obina acerta, mesmo sem saber como. Já o Pochmann...

Bizarro.

Abs

Anônimo disse...

Não se esqueçam das questões sobre o usucapião, "estuto de impacto de vizinhança" e legislação do Ministério das cidades na prova de...
... estruturas tecnológica, produtiva e regional. Achei até que tivesse entrado na prova do ministério errado.

cronopios disse...

Constatada a falência generalizada do IPEA, quais seriam as instituições não-acadêmicas a assumir essa responsabilidade de pesquisar a respeito de questões fundamentais ao país? Seriam firmas ou fundações privadas ou ainda existem outros órgãos públicos onde o ambiente é propício ao tipo de pesquisa que o IPEA costumava fazer?

Anônimo disse...

Eu fiz a prova para estrutura produtiva regional. Um escandalo mesmo. Nas questoes de micro, se os meus alunos de introducao a economia nao acertassem, eu cobria de porrada.
O pior eh que eles nem cobraram coisas heterodoxas; foi um teste ideologico para ver se concordava com a cartilha da turma.
Eu me senti na Alemanha oriental, tendo que mentir sobre o que acredito. O pior, agora eu vou postar como anonimo pq nao duvido que haja uma casa as bruxas na entrevista.
Serio, mesmo que eu nao passe eu quero que o plano deles nao de certo e economistas serios entre no ipea.
Bem era isso. Parabens pelo blog.

Anônimo disse...

digo "uma caÇa às bruxas".

Anônimo disse...

O que me assusta é que até durante a ditadura havia independência do ipea! Como viemos parar aqui?

Anônimo disse...

"e tenho uma sugestão para outro post: checar como que um PHD por Illinois consegue a proeza de fazer cagadas dignas de um Pokemon ou um Sicsú."

Simples. Ele eh ladrao mesmo.

"O"

Anônimo disse...

Quantos aos jovens que estao desesperancados, podem ficar sossegados que a partir de 2010 muita coisa vai mudar.

"O"

Guilherme Lichand disse...

torçam pra não serem chamados pra entrevista, para não ter a tentação de gastar com as passagens ida e volta à Brasília alimentados pela esperança (vã) de aprovação

Ricardo Leal disse...

Caruso:
A específica da carla foi micro e ela me falou que estava bastante ideológico mesmo. Outros caras tb falaram que muitas das provas nao testavam nada, pois vc só precisava decorar o que eles queriam de vc, sem ser necessario nenhum grande esforço pra pensar. Assim, como nao teve quase nada de estatistica e econometria. Dessa forma, deve ir muita gente pra entrevista (aqueles que ganharem tb os pontos do mestrado e doutorado) e aí que está outro problema. Tinhamos um método tao impessoal e meritocratico (mesmo sabendo que uma prova nao diz tudo sobre alguem, é alguma informacao) de escolha de candidatos funcionando e agora vamos pro subjetivo.

Ricardo Leal disse...

aliás, espero nao ter atrapalhado as chances dela ao revelar seu primeiro nome, hehe, foi mal...

Anônimo disse...

Qual a relevância da pesquisa feita no ipea para o andamento da ciência econômica? Que impacto faz essa ou qualquer gestão sobre a forma como pesquisadores sérios fazem seu trabalho?
Eu acredito que o ipea vai perder sua relevância e pronto.
É triste para as pessoas que não terão acesso ao rico salário, mas bons pesquisadores podem fazer seu trabalho e obter projeção em qualquer lugar.

Anônimo disse...

"Eu acredito que o ipea vai perder sua relevância e pronto.
É triste para as pessoas que não terão acesso ao rico salário, mas bons pesquisadores podem fazer seu trabalho e obter projeção em qualquer lugar."

Voce esta subestimando o dano.
A 11 mil reais por mes/cabeca, o IPEA eh um orgao bem caro. Nos somos um pais pobre. Eh inadmissivel que sejam oferecidos empregos publ no 99 percentil da distribuicao de salarios e nao haja uma expectativa de excelencia.

M disse...

Candido,

O IPEA nunca teve relevência para teoria, mas sempre teve bons trabalhos aplicados. Concordo que os bons pesquisadores são bons pesquisadores em qualquer lugar, mas existem efeitos de escala fortes. Vários bons pesquisadores juntos produzem mais do que vários bons pesquisadores separados.

Anônimo,

Apesar de achar um absurdo retumbante o salário, eu não acho que 200 pessoas (é um chute, não sei quantas vagas são) ganhando 11 mil vão ser o problema para o tesouro. Pra mim o pior é a mensagem que isso pasa: "olha, podem ficar estudando poesia e afins por aí que de tempos em tempos o governo vai dar uma bolsa-ipea pra vocês"

Tiago Caruso disse...

Cronopios,

"Constatada a falência generalizada do IPEA, quais seriam as instituições não-acadêmicas a assumir essa responsabilidade de pesquisar a respeito de questões fundamentais ao país?"

Não há nenhuma outra instituição não acadêmica capaz de assumir tal papel do Ipea

Candido,
"Qual a relevância da pesquisa feita no ipea para o andamento da ciência econômica? Que impacto faz essa ou qualquer gestão sobre a forma como pesquisadores sérios fazem seu trabalho?"

A relevância do Ipea para a ciência econômica não era tão grande e pode ser substituída. No lugar dele como órgão critico do governo que ficará um grande vazio.

Tiago Caruso disse...

anônimo,

"O que me assusta é que até durante a ditadura havia independência do ipea! Como viemos parar aqui?"

a gente tratou desse tema num outro post, quando saiu o edital.
Pintaram o Ipea de Cinza. Dê uma olhada.

http://espectroeconomico.blogspot.com/2008/09/pintaram-o-ipea-de-cinza.html

Tiago Caruso disse...

Lichand,

sabe o que é pior. Eu não fui mal na prova. Se for chamado para entrevista vai ser muito engraçado.

Anônimo disse...

Rafael:

Não posso discordar que o efeito escala é algo significativo em um centro de pesquisa. Porém, tendo a acreditar que os bons pesquisadores aplicados não estão reunidos lá, é bem capaz que as pessoas fiquem menos produtivas lá.

Tiago:

É muito drama achar que se o IPEA perder importância haverá um buraco como "órgão critico do governo".
Uma coluna no valor tem mais relevância do que um estudo do IPEA.

Alvaro disse...

Questões irrelevantes para a verdadeira compreensão dos fenômenos econômicos, totalmente impregnadas de ideologia e preconceitos, peso absurdo de questões envolvendo mero juízo de valor no total, pobreza técnica nas raríssimas questões relevantes; e ainda o filtro ideológico a ser certamente utilizado nas provas escrita e oral. O resultado só pode ser um cabidão de emprego para abrigar incompetentes que há muito não conseguem se destacar no conjunto da comunidade científico-acadêmica nem no setor privado. É como que um último bastião para estes inúteis.
Concordo: o Ipea está morrendo, e o processo começou no recente expurgo ideológico de pesquisadores
como Giambiagi, Bonelli e outros.

Alvaro disse...

Galera, o que a gente poderia esperar, neste momento, de um instituto oficial de pesquisa num país cujo presidente faz questão de afirmar seu desprezo pelo estudo?

Tiago Caruso disse...

Cândido,

concordo com você. Não morreu o espírito crítico. Mas as criticas do Ipea tinham um peso por se tratar de um órgão público.

Anônimo disse...

Caros colegas ortodoxos,

sou keynesiano heterodoxo, pós-graduado pela Unicamp, mas sei "ler" os modelos novo-clássicos e novo-keynesianos (aliás, o pessoal que faz mestrado ou doutorado em Economia na Unicamp não tem dificuldades com esses modelos, o problema é com o pessoal que faz os outros cursos oferecidos lá, de Economia Aplicada).
Assim como vocês, fiquei chocado com a prova do IPEA. Esperava uma prova relativamente equilibrada entre conteúdos ortodoxos e não-ortodoxos, mas que tivesse um grau de exigência elevado.
Infelizmente o que se viu foi uma prova impregnada de ideologia, com várias perguntas sem a menor fundamentação teórica (o que significa que qualquer resposta era cabível), em suma, uma verdadeira tragédia. Se servir de consolo para vocês, as chances de um economista formado pela Unicamp nessa prova são as mesmas de um formado pela PUC-RJ, pois o que menos havia nas provas era teoria econômica.
Infelizmente o Pochmann foi uma péssima escolha para um órgão como o IPEA. Desde os tempos da Unicamp, sempre foi um amante dos holofotes, sem a menor preocupação com a qualidade dos dados que utiliza.

Antes de finalizar, um pequeno comentário sobre o IPEA pré-Pochmann: O Instituto estava bastante desvirtuado, excessivamente voltado a trabalhos teóricos (construção de modelos), quando sua missão primordial é de assessoria ao Governo Federal. O IPEA deve e precisa ser independente no que tange às ideologias e correntes teóricas e às conclusões de seus trabalhos, mas nem deve ser independente do Governo no que se refere às linhas de pesquisa adotadas pois, afinal, é um órgão do Governo.

Anônimo disse...

Aproveito para congratulá-los pelo excelente blog. Não esperava discussões tão interessantes e ponderadas de um grupo de estudantes da PUC-Rio.
É engraçado que as escolas de economia no Brasil tendem a tratar os outros como guetos homogêneos, coisa que esse blog mostra que é inverídica.
Por incrível que possa parecer, nos churrascos, cervejadas etc da minha turma em Campinas, a maior parte do tempo que gastávamos falando de economia era dedicada às teorias ortodoxas.

Tiago Caruso disse...

Anônimo heterodoxo,
obrigado pela participação. Pessoas educadas e sinceras independente do que pensam são bem-vindas.

Guilherme Lichand disse...

Faz um post separado com as top ten "reinventando a Economia" usando os gabaritos

Theo disse...

Caro Anônimo,

De certa forma gostei de seus comentários. Mas infelizmente minha inocência não é tão grande e discordo totalmente do que você disse abaixo:

"as chances de um economista formado pela Unicamp nessa prova são as mesmas de um formado pela PUC-RJ, pois o que menos havia nas provas era teoria econômica."

Explicação: se a prova realmente não cobrou nada sério e que possa distinguir os alunos, a prova oral o fará. Não precisa ser muito inteligente para ver o acontecerá. É esperar e ver.

M disse...

"Faz um post separado com as top ten "reinventando a Economia" usando os gabaritos"

Haeuiheaiuheaiuhea, muito bom, já tô preparando!

Guilherme Lichand disse...

e só pra tratar de um tópico que anda meio esquecido, o dos pontos por título, quero lembrar alguns pontos:

- os títulos não são contabilizados antes do final do processo. Isto é, se um doutor, funcionário público, com experiência em docência, não ficar entre os 30 primeiros de sua área (é isso mesmo? me corrijam) - o que dá acesso à fase de entrevista - , o título não serve pra nada;

- caso o candidato chegue à entrevista, contudo, os pontos são contabilizados: um mestrando tem 4 pontos, enquanto um doutor tem 16, mais 2 pontos se já exerceu cargo público, mais 2 pontos pelo primeiro e 1 pelo segundo ano de experiência em docência, totalizando 21 pontos para o candidato padrão da UFRGS e da UFRJ (eles existem em peso e em todas as áreas).

- como a entrevista vale 10 pontos, e supondo o pior cenário possível, um mestrando da PUC-RJ tem 4 pontos de entrevista + títulos, e um professor da UFRGS tem 31 pontos.

* Pergunto: as provas permitiram que uma diferença de 27 pontos fosse revertida?

** Pergunto: não pode ser o caso que, pelo menos em algum caso, um excelente mestrando da PUC-RJ fosse no fim das contas um pesquisador que agregasse mais ao IPEA que, pelo menos em algum caso, um péssimo professor da UFRGS?

Anônimo disse...

Caro Anônimo,

'De certa forma gostei de seus comentários. Mas infelizmente minha inocência não é tão grande e discordo totalmente do que você disse abaixo:

"as chances de um economista formado pela Unicamp nessa prova são as mesmas de um formado pela PUC-RJ, pois o que menos havia nas provas era teoria econômica."

Explicação: se a prova realmente não cobrou nada sério e que possa distinguir os alunos, a prova oral o fará. Não precisa ser muito inteligente para ver o acontecerá. É esperar e ver.'


Concordo com você. Havia me referido apenas à prova escrita.
Quanto à prova oral, não tenho dúvidas de que quem apresentar um diploma da Unicamp ou da UFRJ na prova de títulos será visto com outros olhos.

Gostaria de saber quem foram os professores da UnB que elaboraram essa prova patética.

Quanto à coletânea das melhores questões da prova, acho que duas são hors concurs (da prova de estrutura tecnológica):

66 Sem a conversão dos fundos públicos em pressuposto geral
do capital, a economia produtiva capitalista é insustentável.
67 A especulação financeira vislumbra como luz no fim do
túnel o brilho do tesouro nacional.


Realmente é de ficar sem palavras diante de tamanha sabedoria.

Anônimo disse...

Guilherme,

em geral, os concursos para contratar pesquisadores dão um peso muito grande para doutorado. Isso acontece no Inmetro, na Fundação Oswaldo Cruz, do INPE etc. Quando o Banco Central fez um concurso para pesquisador, em 2000, na época do Werlang, chegou-se ao cúmulo de exigir que o doutor tivesse obtido o título em Instituição avaliada com nota igual ou superior a 6 pela CAPES. Na época, a nota da USP era 5, ou seja, o título de doutor uspiano valia zero.

Anônimo disse...

Desastroso. Trabalho no Ipea e estou com vergonha. Não sei como as coisas podem ter chegado a esse ponto. Simplesmente lamentável.

M disse...

Anônimo Heterodoxo,

Cuidado para não confundir. O CESPE, que ficou responsável pelo concurso, é um orgão da UnB. Mas ele funciona de forma independente da Universidade (em especial, não tem nada a ver com o dpto de economia).

Tiago Caruso disse...

Muito boa essa do Werlang.

Anônimo disse...

Tiago,

Muito boa essa do Werlang? No meio acadêmico, essa ação foi parecida com a do Pochmann, mas muito mais explícita e segregacionista. Na época, a única instituição com nota 6 era a puc-rj.
O resultado foi uma paulada no Werlang que foi obrigado a reverter tal iniciativa.

Fred

Anônimo disse...

Nessa prova do Bacen de 2000 (não reclamo, pois foi o concurso que tirou minha barriga da miséria), a prova da área de pesquisa econômica foi tão sem noção que, nessa área, só passou um candidato, que ganhou o apelido de zoid (de espermatozóide). Na verdade, a prova de títulos era ainda pior que o descrito: só valia como pontos PHD nas top 20 mundiais. Isso num período onde o salário inicial era de 2600 reais.

O resultado: como só um passou, as outras vagas foram remanejadas para as demais áreas.

E quando eu passei, não tinha a menor noção de Economia... era um concurseiro profissional que estava estudando (como 90% dos engenheiros formados na época) para Fiscal da Receita.

Quanto às questões obtusas, eu apostaria que os elaboradores da prova retiraram de algum livro que foi passado para eles (eles colocam a frase, ou a frase modificada para dar errado), justamente para indeferirem os recursos. Muita baboseira será mantida, por isso, quanto mais barulho, melhor.

Quanto à CESPE/UnB, pelo que sei eles cobram de acordo com o que foi pedido... a prova sem noção da área de pesquisa econômica do Bacen de 2000 foi organizada por eles, assim como essa. É um caso do famoso GIGO (Garbage in, Garbage out).

Tiago Caruso disse...

Fred,

Eu vim me desculpar sobre o meu comentário anterior. Eu não sabia que apenas a PUC tinha nota 6.

Se isso fosse verdade seria realmente uma atitude ridícula do Werlang. Mas pelo que o Galego disse não é.

Acho que quem deve se retificar é você, por ficar difamando o Werlang e a PUC assim.

M disse...

De qualquer forma pareceria estranho Werlang beneficiar a PUC, uma vez que ele é muito mais ligado à FGV-Rio.

Anônimo disse...

Rafael,

Ao que consta esse favorecimento tinha endereço certo: havia um candidato (prefiro não citar o nome) que o Werlang queria dentro do Bacen. Ele tentou colocá-lo sem concurso e, após muitas brigas internas, foi obrigado a "criar" um método que conseguisse, através de um concurso, fazê-lo entrar. E foi isso que aconteceu...

Anônimo disse...

Eu fiz o famigerado concurso para pesquisador do Bacen em 2000. E, sem medo de ser injusto, diria que o doutorando mais inteligente de Harvard, Chicago ou MIT teria sérias dificuldades de conseguir a nota mínima na prova. A prova realmente foi surreal. Não bastava o cara ser bom em uma área de economia, tinha que ser absolutamente craque em tudo, inclusive a respeito da tese de doutorado do Werlang. Tinha umas questões de oligopólio com expectativa knightianas que só se encontra em trabalhos dele. O único cara que passou, passou raspando na nota mínima, que era 30% da prova.

Na época existiam quatro cursos com nota 6 no Brasil: eram a EPGE, a PUC-RJ, a UnB e a UFRJ. Parecia bastante claro que ao delimitar a nota 6, o objetivo era excluir a Unicamp, só que isso resultou na exclusão da USP também. E, infelizmente para eles, a UFRJ tinha a mesma nota da EPGE, e por isso não tiveram como excluí-la também. Se fosse hoje, é bem possível que exigissem a nota 7, que só a EPGE tem. Das Universidades gringas, aceitavam, além de um punhado de escolas americanas, apenas LSE, Oxford, Cambridge e uma escola belga. Porém o COFECON entrou na Justiça e acabou com essa patifaria toda.

Além dos pontos para doutorado, existiam pontos também para publicações e, novamente, havia total direcionamento. Além das revistas inegavelmente top, que vocês sabem quais são e que quase ninguém no Brasil consegue publicar (com exceção da Econometrica), que valiam mais pontos, havia uma enorme quantidade de revistas sem a menor expressividade, mas que aceitam artigos ortodoxos (tipo Kyklos). Porém as principais revistas heterodoxas, como o Journal of Post Keynesian Economics, Journal of Macroeconomics e o Journal of Evolutionary Economics não estavam na lista.

Voltando à prova do IPEA, acho que o próprio Francisco de Oliveira ficaria envergonhado de ter trechos de suas obras pinçados assim, sem critério, para uma prova de concurso público. Quem conhece essas obras de sociológos sabe que a forma da prosa não está dissociada do conteúdo e, portanto, trechos absurdamente abstratos como os que apareceram na prova, só têm sentido (se é que têm algum), dentro de um longo parágrafo ou mesmo um capítulo inteiro.

Anônimo disse...

Meus amigos, no final das contas, o problema eh a necessidade de concurso.

Isso eh uma jabuticaba.

Voce acha que o Bernanke precisa fazer um concurso para contratar quem ele quiser para o Fed?

Mesmo aqui na nossa vizinhanca, se o diretor do banco central do Chile (independente, paga bem, contrata estrangeiros, inclusive brasileiros trabalham lah) for a uma conferencia internacional e gostar da pesquisa de um economista paquistanes ou bielorusso, ele pode fazer uma oferta sem ter que passar por essas charadas legalisticas.

Mas o problema eh que os sindicatos nao deixam. Era do interesse nacional que o Werlang pudesse contratar quem ele quisesse para montar sua equipe. Mas eh o Brasil: o interesse da corporacao de barnabes eh mais importante.

"O"

Anônimo disse...

Dois pontos:

1 - No concurso de 2000, apenas um candidato passou, e mesmo assim, raspando, na área de Pesquisa Econômica. Ele era zerado na prova de títulos. Eu conheci o sujeito, e ele era brilhante (e para passar naquela prova, teria que ser brilhante mesmo). Se ele fizesse a prova da minha área, com certeza teria passado muito bem também. Então, afirmar qualquer coisa em relação a ele é pura leviandade. Na verdade, o Werlang tinha a melhor das intenções, que era a de montar um grupo de excelência no Banco Central. Errou apenas no teor da prova e no fato de que as condições salariais do Banco naquela época não atraía as pessoas com o perfil que ele desejava.

2 - Para o "O". Respeito o seu ponto de vista, e acho que, em tese, deveria haver possibilidade da diretoria do Bacen contratar um certo número de consultores independentemente de concurso público. O grande problema é que, no Brasil, as "instituições" são fracas, e as chances de que o consultores nomeados sejam rifados nas cotas dos partidos aliados são elevadas. Se o governo conseguiu arrasar o IPEA mesmo sem as jabuticabas, imagina se não fosse por concurso público. Imagina o governo podendo nomear 100 consultores no Bacen, por exemplo... quase certamente, nomearia meia dúzia por critérios técnicos (por questões de credibilidade), e as demais vagas seriam para indicação do deputado X, do senador Y. Com essas alternativas, é melhor saborear uma bela jabuticaba.

Anônimo disse...

Galego,

Essa jabuticaba eh desnecessaria.

O problema primario eh o regime do funcionalismo publico e os sindicatos de barnabes. Devido a estes, o Bacen nao tem liberdade para pagar salarios competitivos.

Quanto a ter instituicoes fracas, a necessidade de concurso eh uma instituicao fraca, que pressupoe que o administrador publico vai ser venal e que nao existe uma restricao orcamentaria. Tal mediocridade eh inaceitavel.

Nesse tema e em tantos outros, o Brasil tem uma escolha bem clara: "business as usual" e aceitar que daqui ha 100 anos nossa renda per capita ainda vai ser 20-25% da renda per capita americana... ou reforma neoliberal.

Eu sou muito mais a segunda opcao.

"O"

Anônimo disse...

"daqui ha 100 anos"...triste...

Anônimo disse...

Os problemas relativos ao serviço público e à estabilidade são conhecidos. Agora, eles são o problema original ou sintomas de um problema maior?
O contrafactual a estabilidade e concurso público seria não haver estabilidade e seleção discricionária. Se fosse para o Werlang selecionar, seria ótimo, e eu concordaria 100% com você.
Mas, como a questão é sempre pensar no contrafactual, aí vai um: o que estariam fazendo com o IPEA caso não houvesse estabilidade nem necessidade de concurso para a seleção?

E qual o mecanismo que faria com que, trocando concurso público por discricionariedade, evitaria a "rifa" dos órgãos públicos por questões políticas? Sem pensar nesses mecanismos, podemos sair do ruim para o pior. Ou da jabuticaba para o jiló.

M disse...

Olha, eu não sou especialista em direito administrativo, ou sei lá qual é o direito relevante para o caso, mas acho que vocês estão subestimando a capacidade de diretores e chefes de orgãos públicos contratarem pessoas sem concurso.

Eu morei em Brasília e conheço várias pessoas que trabalharam no IPEA, e ministério da fazenda sendo "DAS" (com certeza existe a mesma coisa no BC). É um tipo de cargo indicado, que permite que chefes e diretores levem pra trabalhar com eles algumas pessoas de interesse.

Existem níveis de DAS, que vai de 1 a 7. Acho que no nível 6 o salário é compatível com esse concurso (talvez um pouco menos).

Acho que se um cara faz um concurso para favorecer alguém, é meio por mau-caratismo mesmo. Porque quando você é DAS, você pode ser mandado embora a qualquer momento. Agora, se você passa num concurso, aí a mamata fica garantida pro resto da vida.

Anônimo disse...

é verdade, nos órgãos públicos está cheio de gente que não entrou por concurso e sim por indicação. O Werlang ou o Pochmann colocam quem eles quiserem para dentro, respeitado um limite razoável. Não seria um exagero imaginar que cada um desses senhores tiveram o direito de nomear pelo menos uns 10 assessores.
Outra coisa: alguém comentou sobre o FED: o salário inicial do Bacen é maior do que o do FED. Além disso, pelo nível de escândalos que estamos vendo desde o ano passado, o FED ou a SEC não servem de exemplo para ninguém.

Anônimo disse...

"Outra coisa: alguém comentou sobre o FED: o salário inicial do Bacen é maior do que o do FED."

Nao. O FED contrata competitivamente no mercado academico americano, o que significa que deve pagar na faixa de uns 100 mil dolares por ano para um doutor recem-graduado. Nao eh muito para os EUA, mas duvido que o Bacen pague nessa faixa, nao?

Quanto ao seu comentario sobre Fed/SEC, confesso que eh ridiculo.

O fato de nao haver crise financeira no Burundi nao significa que o Burundi tenha um sistema financeiro ou uma supervisao bancaria mais sofisticados que os EUA.

Assim como no Brasil nao temos crise no credito imobiliario porque... nao temos credito imobiliario.

"O"

Anônimo disse...

é fácil falar sobre o que não se sabe.....

Dê uma olhada nisso:
http://www.federalreserve.gov/careers/salary.htm

Anônimo disse...

pelo jeito o sr. "O" andou comprando algum manual de lógica do Instituto Universal Brasileiro ou da coleção Coquetel.
Em qualquer lugar do planeta, seja no Burundi ou nos Estados Unidos, um esquema como aquele que envolveu o ex-presidente da Nasdaq é uma aberração, que só pode ocorrer se a regulação e a fiscalização forem sofríveis.

Anônimo disse...

Ainda eh mais facil falar com conhecimento de causa. Diferentemente de voce, eu conheco varias pessoas que trabalham no Fed... Alem de jah ter sido convidado a participar do processo de selecao naquela instituicao.

"O"

Guilherme Lichand disse...

Lei de Godwin imperando

time for a new post

Henrique disse...

Só voltando à questão de quem elaborou a prova. Foram os professores da Unicamp.

Orlando Tambosi disse...

Boa, rapazes. Vou chamar lá em casa.

Tiago Caruso disse...

"O",

discordo diametralmente de você sobre a necessidade de concurso público.

Acho que você tem muita razão em reclamar do sindicalismo, da estabilidade e do salário que não incentiva produtividade no funcionalismo público. Mas isso é motivo para combater a política salarial, a estabilidade e o sindicalismo, não o concurso público.

Concurso público não cria maracutuais. Apenas as torna visíveis.

Anônimo disse...

Entao cheguemos a um acordo: abolir o concurso publico e a estabilidade de emprego!

A questao mais importante eh que exista competicao, restricoes orcamentarias solidas e "accountability" (nem sei como falar em portugues essa palavra).

No caso do Bacen, deveria ser independente e poder contratar como se fosse setor privado. Eh assim no EUA, no Chile, ECB etc -- a necessidade de concurso eh uma excrescencia que soh se justifica se assumirmos que somos estupidos ou corruptos demais para construir uma meritocracia baseada em criterios subjetivos.

De todo modo, duvido que o status quo vai ser mudado no curto ou medio prazo. Vamos continuar fazendo concurso, contratando mal, gerando ineficiencias em cada junta da maquina e para quem nao gosta sempre existe Cumbica e o Galeao, nao?

(Estou pessimista hoje...)

"O"

Tiago Caruso disse...

"corruptos demais para construir uma meritocracia baseada em criterios subjetivos."

Exatamente isso.

Anônimo disse...

Nossa, um funcionário do Fed no começo da carreira ganha menos que um do Bacen na mesma situação.

Impressionante.

Francamente, não há motivo para um aluno recém-formado não optar por um emprego público. Eu mesmo tomei essa decisão (felizmente, com sucesso).



Do FAQ:

# Do you employ noncitizens?
The Board will hire any qualified person who is a United States citizen or who is not a citizen but meets the requirements of the Immigration Reform and Control Act of 1986 (IRCA).

As required by law, the Board will not hire any person who is unable to satisfy the requirements identified in IRCA. In addition, citizens and nationals of the United States will receive preference in employment over equally qualified persons who are not citizens or nationals of the United States.

Anônimo disse...

Pensando bem, duvido que um empregado do Fed ganhe só isso.

Anônimo disse...

Editorial da Folha de S. Paulo de hoje (23/12/08):
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2312200801.htm




Ipea sob risco
Concurso com viés ideológico coroa mudanças negativas que colocam em risco a credibilidade do instituto

CAMINHA a passos largos a reformulação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), abrigado na Secretaria de Assuntos Estratégicos, do ministro Roberto Mangabeira Unger. Infelizmente trata-se de uma mudança para pior.
Desde a posse do economista Marcio Pochmann na presidência do órgão, em agosto de 2007, diversas medidas ameaçam a imagem de isenção e excelência técnica da repartição governamental, que conta com mais de 40 anos de tradição.
Publicações de referência foram modificadas -como o Boletim de Conjuntura. Foram afastados economistas que não se alinhavam à doutrina de Pochmann. O último lance nessa direção foi o recente concurso público para a seleção de 62 novos pesquisadores.
Em vez de ater-se a conteúdos objetivos, a prova incluiu testes que requeriam posicionamento ideológico sobre projetos defendidos pelo governo e pelo PT. Candidatos deveriam aderir a pregações contra o "neoliberalismo" e a globalização.
As transformações implementadas por Pochmann têm outros aspectos questionáveis. Com remunerações generosas oferecidas aos ingressantes, os princípios de progressão na carreira ou de promoção baseada em mérito ficam prejudicados.
Salários iniciais de R$ 10,9 mil deixam pouca margem para a evolução na carreira. A remuneração atraiu grande número de interessados, mas não necessariamente familiarizados com as exigências de um instituto de pesquisa econômica: o pré-requisito da seleção era o diploma de graduação em qualquer área de conhecimento.
Assim, o maior e mais heterodoxo concurso da história da instituição reuniu quase 13 mil inscritos. Para um dos 15 cargos oferecidos, houve 308 candidatos por vaga.
A introdução de um filtro ideológico para a admissão à instituição se opõe ao espírito de impessoalidade e profissionalismo que deve reger a administração pública. O Ipea é um órgão técnico destinado à análise metódica de problemas econômicos e sociais, capaz de respaldar a formulação de políticas públicas. Deve privilegiar a excelência na formação de seus quadros, independentemente de afinidades partidárias ou convicções dogmáticas.
O corpo de economistas e analistas de um instituto de pesquisa econômica e social aplicada precisa ser plural, gozar de autonomia e liberdade de pensamento. A natureza de seu trabalho é incompatível com a censura ou a implantação de uma única linha de pensamento.
Com a mudança em curso, a direção do Ipea coloca em risco um prolongado investimento institucional, responsável pela credibilidade que o órgão granjeou.

Anônimo disse...

Adolpho,

o salário inicial do Bacen é maior do que o do FED. O Bacen não exige PhD dos ingressantes, logo deve-se comparar pessoas com iguais atributos. Além disso, apenas uma pequena parcela dos funcionários do Bacen e do FED fazem pesquisa econômica. A maior parte trabalha em outras áreas, para as quais um PhD em economia não é um atributo muito relevante. Infelizmente é uma característica dos liberais brasileiros recorrerem à "carteirada" quando seus argumentos são vencidos pelos fatos.

Anônimo disse...

"o salário inicial do Bacen é maior do que o do FED."

Nao eh. O entry level no core business do Fed ganha uns 100,000 dolares por ano.

"O Bacen não exige PhD dos ingressantes,"

E daih? Qual o seu ponto?

" logo deve-se comparar pessoas com iguais atributos."

Entao, como voce pode afirmar que o Bacen paga mais? Seja coerente, rapazinho.

" Além disso, apenas uma pequena parcela dos funcionários do Bacen e do FED fazem pesquisa econômica."

Apenas uma pequena parcela da mao de obra da McLaren sao pilotos de prova ou engenheiros. O core business do Fed eh o pessoal que faz pesquisa economica. Entretanto, existem no Fed tambem ascensoristas, segurancas, cozinheiros, faxineiros etc.

Se voce quiser comparar o salario do Bacen com o salario da meninada de 20-25 que trabalha de assistente de pesquisa antes de ir para um doutorado ou MBA, entao eh uma comparacaozinha meio desonesta, pois estes se comparam com os estagiarios (se eh q o Bacen tem estagiarios!)

" A maior parte trabalha em outras áreas, para as quais um PhD em economia não é um atributo muito relevante."

Sao centenas de PhD em economia. Na area de regulacao bancaria, sao MBAs e outros bichos com pos-graduacao, inclusive advogados, nenhum ganhando menos que o salario esperado de um americano com pos-graduacao.

" Infelizmente é uma característica dos liberais brasileiros recorrerem à "carteirada" quando seus argumentos são vencidos pelos fatos."

Que carteirada? Que liberais? Tenta apresentar um argumento coerente, pode ser que doa na primeira, segunda vez, mas voce acostuma.

"O"

PS: Quem eh Adolpho?

Anônimo disse...

"um funcionário do Fed no começo da carreira ganha menos que um do Bacen na mesma situação. "

Isso eh falso. O entry level da carreira do Fed eh o sujeito que acabou de sair do doutorado em economia e ganha perto de uns 100,000.

Existe sim pessoal de suporte, por exemplo, tecnicos de computador, digitadores que certamente ganham menos que isso.

Existe tambem a molecada de 20-25 anos que trabalha como assistente de pesquisa, geralmente contrato de 1-2 anos, que deve ganhar experiencia...

No lado de regulacao do Fed, sao contadores, advogados, MBAs e ganham salario condizente com o titulo. Por exemplo, conheco um sujeito que saiu do MBA de chicago para o setor de regulacao do Federal Reserve Board. Imaginar que ele ganha salario de Bacen eh piada.

Anônimo disse...

http://www.fmcenter.org/atf/cf/%7BDFBB2772-F5C5-4DFE-B310-D82A61944339%7D/RBpay_staffing_0706.pdf

Isso aqui resolveu a minha dúvida. Aquela lista que foi apresentada com os salários não mostra quanto um economista ganha lá em média.

De qualquer forma, é uma coisa meio distorcida um funcionário no começo de carreira pública ganhar o que ganha em relação aos salários pagos na iniciativa privada na mesma situação. Por que alguém vai aceitar trabalhar 14 horas por dia no UBS Pactual (como alguns amigos), por uma mixaria (ok, tem o bônus, que pode ser muito bom, ou não,depende da área e do esforço, mas pra valer a pena... tem q querer muito) se você pode ganhar mais por menos, sem contar todos os benefícios?

Além disso, o PIB per capita americano é bem maior que o brasileiro, todos os salários em média são maiores mesmo, pra um economista qualificado isso não deveria ser diferente.

"PS: Quem eh Adolpho?"

Sou eu.

Anônimo disse...

"De qualquer forma, é uma coisa meio distorcida um funcionário no começo de carreira pública ganhar o que ganha em relação aos salários pagos na iniciativa privada na mesma situação."

Acho que a distorcao eh permitir que a molecada faca a escolha de carreira antes dos 30 anos.

Nos EUA, moleque sai da graduacao aos 21 anos, passa uns 2-3 anos como assistente / sub-analista / ze-ninguem / intern etc, entao vai para o MBA, escola de direito, PhD, escola de medicina, e aos 28-30 anos comeca sua carreira.

Na minha opiniao, o sistema americano permite uma escolha de carreira mais consciente e madura, alem de nao haver a distorcao brasileira de pegar jovens talentosos e paga-los a peso de ouro para se tornar juizes de direito/fiscal da receita e para o resto da vida usar 2% de sua capacidade cerebral.

Uma outra vantagem do sistema americano eh que nao ha escolha de carreira durante a graduacao. No Brasil, onde escolhemos nossa carreira aos 17 anos, existe uma pressao para sinalizar nosso talento entrando em uma escola competitiva, como engenharia, medicina, administracao, economia, direito... Como resultado, perdemos muitos potenciais cientistas, veterinarios, terapeutas, membros da classe criativa etc

Por exemplo: um moleque bom de matematica e ambicioso nos EUA vai para Stanford, escolhe cursar as materias de computacao e algoritmos na graduacao, e acaba fundando o google. Um moleque bom de matematica e ambicioso no Brasil em geral talvez evite uma graduacao em matematica porque ele sinaliza seu talento mais efetivamente entrando em uma escola de economia.

Tiago Caruso disse...

Prezado anônimo,

este foi provavelmente o comentário mais lúcido sobre educação superior no Brasil que eu leio em muito tempo.

Acredito que o fosso entre a qualidade da educação entre o Brasil e o resto do mundo só aumenta quando chegamos ao nível superior. O mais impressionante é que é nas universidades aonde é despejado a maior parte dos recursos da educação.

Anônimo disse...

Tiago,

Tem um paper do Ben Jones sobre alocacao de talento que argumenta que uma das diferencas entre paises ricos e pobres eh que nos paises pobres, existem incentivos para formar generalistas (juizes de direito, fiscais de receita) ao inves de especialistas (moleques do google).

Dah para sentir essa cultura pro-generalista claramente no Brasil, quem nao tem um tio que nao sabe nada de economia mas que insiste em dar palpite? Provavelmente ele eh um generalista que nao sabe muito de assunto algum, entao nem passa pela cabeca dele que pode haver alguem que sabe muito mais de algum assunto do que ele.

Outro aspecto eh a desconfianca do expert. Quando eu explico para o meu tio algum fato basico de economia, ele duvida e argumenta. Quando eu explico o mesmo fato para algum amigo que tem tenure em um departamento de fisica em uma escola americana top 10, ele ouve e consegue aceitar que eu sei mais economia que ele.

Anônimo disse...

Eh esse paper:

http://www.kellogg.northwestern.edu/faculty/jones-ben/htm/ResearchframeKnowledgeTrap.htm

"O"

Anônimo disse...

Feliz Ano Novo!

Parrot

Unknown disse...

Sem me aprofundar muito, acho muito dificil abolir o concurso publico. Seria um "cabideiro" só! O concurso tem suas imperfeicoes mas...
concordo com o Thiago

"Acho que você tem muita razão em reclamar do sindicalismo, da estabilidade e do salário que não incentiva produtividade no funcionalismo público. Mas isso é motivo para combater a política salarial, a estabilidade e o sindicalismo, não o concurso público."

E discordo do Rafael...
"mas acho que vocês estão subestimando a capacidade de diretores e chefes de orgãos públicos contratarem pessoas sem concurso."
Não estamos subestimando a capacidade deles. Mas, temos nossas duvidas na "sinceridade" das intenções... e nos agrados pessoais.

valeu

G.Howe