sexta-feira, 27 de março de 2009

Dealing (with) Drugs

Quando eu vi a notícia daquela confusão em copacabana eu me lembrei de uma série de reportagens que saíram na the economist (1, 2, 3, 4, 5). A reportagem número dois foi a que mais me chamou a atenção. Ela faz uma descrição da situação do crime organizado no méxico que é (à primeira vista) muito semelhante à situação brasileira. Existem diversas organizações de tráfico que disputam o mercado entre si através de práticas violentas e essas mesmas organizações (ou dissidentes) acabam por diversificar as fontes de renda se utilizando de assaltos, seqüestros e outras atividades ilegais.

Mas, se prestarmos mais atenção, existe uma diferença fundamental. Além de todo o mercado consumidor mexicano, os traficantes de lá têm grande parte do mercado americano. Isso deve gerar uma receita muito grande. Aqui no Brasil não me parece que os traficantes sejam grandes "exportadores". O que me leva a fazer as seguintes perguntas:

1) Se os traficantes daqui movimentam menos dinheiro, por que a criminalidade atinge níveis semelhantes aos níveis mexicanos? Como aqui os ganhos de conquistar um mercado são menores, eu esperaria menos ferocidade na disputa.

2) Se os traficantes dos EUA são os que disputam os maiores mercados, por que a ferocidade é tão menor?

Muito do que eu disse acima está baseado em suposições e percepções pessoais, mas acho que pode sair alguma conclusão interessante dessa linha de raciocínio.


8 comentários:

Guilherme Lichand disse...

acho que crime é um resultado de equilíbrio, combinação de demografia, retornos da atividade criminosa e mecanismos de repressão. Daí porque é tão difícil identificar se o que você está levantando é mesmo um puzzle: onde há mais retornos à atividade criminosa, o Estado pode responder com maior policiamento, e o resultado de equilíbrio pode ser maior, igual ou menor. Isso deixando de fora o componente demográfico, que aparece com cada vez mais relevo em pesquisas recentes sobre criminalidade.

Tiago Caruso disse...

Concordo em todas as linhas com o que o Guilherme disse. Dependendo da interação desses fatores o mercado brasileiro pode se tornar bastante atraente. Além do mais o Brasil é uma rota de exportação de drogas para Europa, verdade que não se compara a ser vizinho dos EUA, mas é algo a se considerar.

M disse...

Eu tinha pensado na europa, mas como você mesmo disse, não se compara a ser vizinho dos EUA.

No mais, esse ponto da demografia me convence bem. Eu acho que só a questão de policiamento não seria suficente, mas esse componente demográfico aí eu acho que dá conta do recado.

Anônimo disse...

M, para de escrever um pouco e vai ler alguma coisa de útil... o convívio social não se resume a relações de oferta e demanda, taxa de retorno e custo marginal etc.
Comece com Florestan Fernandes; seria uma boa pedida...

ahh sei... "as if"; ahh, então, tá certo...

M disse...

Eu sou fundamentalista. "As if" é para os enrustidos.

NPTO disse...

Acho que há uma premissa falsa: se entendi bem o artigo na última Foreign Policy, a ferocidade do tráfico mexicano é muito, muito maior do que a do tráfico brasileiro. Há prefeitos da zona de fronteira que têm que morar no Arizona e governar de lá.

Anônimo disse...

Mostre dados e referencias comprovando que o narcotrafico do Brasil exporta menos do que o mexicano. Pra debater esse tema não adianta ficar com achismos... tem que se basear em informacoes sólidas. É bom levar em consideracao também o consumo interno, pois o Brasil tem uma população 60% maior que a do méxico. Outro aspecto importante é o tipo de droga que se consome e/ou exporta.

Tiago Caruso disse...

Anônimo,

concordo com você. Estamos simplesmente falando de achismo aqui. No entanto, é muito difícil conseguir dados oficiais sobre o tráfico de drogas. Queria eu que a secretária de segurança de São Paulo liberasse os dados sobre apreensão de drogas que eles têm.