segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Natural?

Continuando a briguinha ortodoxos vs. heterodoxos, eu fico realmentre triste quando ouço que "a economia está perdendo contato com a realidade e se tornando um ramo da matemática aplicada". Eu entendo duas coisas neste tipo de afirmação. Primeiro, a teoria econômica estaria ficando incompreensível para leigos, logo, irrelevante. Segundo, matemática (avançada) é simplesmente uma abstração boba que não serve para nada.

Como todo economista (ortodoxo), eu tenho inveja da física. E como os físicos, aprendi que soluções simples e elegantes são melhores. Então eu vou dar um contra-exemplo que eu acho simples e elegante sobre como um "ramo da matemática aplicada" é essencial para a civilização.

Existem uns experimentos muito interessantes sobre como os animais percebem quantidades. O desenho é em geral da seguinte forma. Suponha que estamos tratando de macacos. Macacos gostam de banana, então, se um macaco pode escolher entre duas caixas cheias de bananas, ele vai escolher a caixa que tenha mais bananas. Então os cientistas pegam caixas diferentes que o macaco consiga identificar e coloca quantidades diferentes de banana em cada uma, de maneira que o macaco veja quantas bananas estão sendo colocadas. Depois, o cientista permite que o macaco escolha uma das caixas.

O resultado é que diferentes animais sabem "contar" até 3. Ou até 5. Ou até 7. Mas nunca até 21, por exemplo. O que acontece é que quando o macaco vê duas bananas sendo colocadas em uma caixa e uma banana sendo colocada na outra, ele sabe que 2 é maior do que 1. Mas quando ele vê 12 bananas sendo colocadas em uma caixa e 23 em outra, pra ele as duas quantidades são simplesmente "muitas banas", e ele não consegue lembrar, ou saber, qual é maior.

Esse historinha serve para mostrar que os números naturais são uma abstração. Eles não "existem" na natureza. São "um ramo da matemática aplicada", uma parte da "teoria algébrica". Acredito que o mesmo experimento feito com bebês humanos daria o mesmo resultado que o experimento com macacos. Mas feito com um adulto, evidentemente, daria um resultado diferente. Isso porque todo mundo aprende, antes mesmo de ir à escola, a contar e a associar cada número com uma quantidade. Assim nós sabemos que 23 é maior do que 12.

É possível inventar outras historinhas dessas para os números inteiros, racionais, reais, imaginários e várias outras centenas de "ramos da matemática aplicada" que, por acaso, tem muito a ver com a realidade.

Útil, não é? Tem bastante contato com a realidade, não tem? Mas aposto em em 12 mil antes de cristo, quando um pastor "inventou" os números naturais e começou a encher um saco com uma pedra para cada ovelha do rebanho, o pastor do rebanho ao lado olhou e disse "Que inútil. Isso não serve para nada."

27 comentários:

Alex disse...

Pior. Ainda acusou o pastor ao lado de só se preocupar com abstações e não com as necessidades sociais das suas ovelhas.

Anônimo disse...

Tá bom.
Mas isto é matemática elementar.

Parte da economia acadêmica se afastou sim da realidade.

O que é um equilibrio geral em espaço de Banach ??

Fora isso algumas simplificações são tão grotescas que dá pena.

Não é a toa que trata-se de uma dismal science.

A matemática é uma linguagem pretensamente sofisticada, para dar identidade a profissão acadêmica, e não porque revele algo obscuro a um economista prático.

Não estou negando sua utilidade para sintetizar pensamentos, e sim o exagero por exemplo, de usar Análise Real em economia, provar teoremas, etc.

Exagerar o papel da matemática é tremenda imaturidade ou então uma vaidade velada de quem precisa se provar, mostrar seu valor (sinal de baixa auto-estima), como por exemplo o sujeito que se acha mais inteligente porque se refere ao senso comum em grego antigo ou sânscrito. Mas acadêmicos sempre foram assim, por isto são cada vez mais ignorados.

Roberto

Tiago Caruso disse...

"Tá bom.
Mas isto é matemática elementar."

O pessoal lá do IMPA argumenta que economia é só otimização. Só matemática elementar.

"Parte da economia acadêmica se afastou sim da realidade."

Suponho que você conhece a realidade.

" O que é um equilibrio geral em espaço de Banach ??"

Essa eu deixo para o Rafael

"Fora isso algumas simplificações são tão grotescas que dá pena."

Por isso as chamamos de simplificações.

"Não é a toa que trata-se de uma dismal science."

Rótulo odioso, Schopenhauer ia ficar orgulhoso

"A matemática é uma linguagem pretensamente sofisticada, para dar identidade a profissão acadêmica, e não porque revele algo obscuro a um economista prático."

Não. Matemática é uma linguagem formal. Geralmente preza pela simplicidade, mas algumas coisas são difíceis de se escrever formalmente.

"Não estou negando sua utilidade para sintetizar pensamentos, e sim o exagero por exemplo, de usar Análise Real em economia, provar teoremas, etc."

Você preferiria que simplesmente colocássemos equações e tirássemos conclusões sem prová-las? Análise Real é a matemática não elementar?

"Exagerar o papel da matemática é tremenda imaturidade ou então uma vaidade velada de quem precisa se provar, mostrar seu valor (sinal de baixa auto-estima), como por exemplo o sujeito que se acha mais inteligente porque se refere ao senso comum em grego antigo ou sânscrito."

É uma possibilidade. Outra: sinal de baixa autoestima é desmerecer a matemática por considerá-la tão complicada quanto grego antigo ou sânscrito.

"Mas acadêmicos sempre foram assim, por isto são cada vez mais ignorados."

São sim, o número de Phds no mundo cai, ninguém mais os ouve, em pouco tempo o conhecimento será transmitido em forma de cantigas.

M disse...

Roberto,

A reposta séria o Caruso já deu, eu vou dar a bagunçada:

Numeros naturais são elementares pra você e avançados pra um macaco. Equilíbrios Gerais em espaços de Banach são elementares para o Aloísio Araújo e avançados para você.

Basicamente você repetiu várias vezes o argumento que eu refutei no post. Dá uma relida e uma repensada. Vale a pena.

Guilherme Lichand disse...

pelo menos como eu entendo, a crítica à excessiva matematização é que num curso de graduação (pelo menos nos principais centros do Brasil e, aparentemente, do mundo, dada a nova resposta à rainha do Hodgson, Dow e outros) se gasta tempo e esforço demais para ensinar matemática e tempo e esforço de menos para tentar entender como os modelos econômicos se comunicam com a realidade, quais são seus limites para a interpretação, etc.

Isso remete diretamente a meu post anterior, sobre o problema dos consumidores de teoria...

Anônimo disse...

"O pessoal lá do IMPA argumenta que economia é só otimização. Só matemática elementar."

E esse pessoal do Impa entende de economia ? Que se saiba não existe na prática "economia matemática", e sim uma representação simbólica (matemática) de fenômenos reais (econômicos). Mas se não se conhece a realidade, não se pensou a fundo experiência humana, corre-se o risco de se confundir as coisas. Pode um sujeito virgem, explicar a alguém o que é sexo ? Pode, na teoria, mas na prática...

"Suponho que você conhece a realidade."

Tenho uma interpretação dela, uma entre muitas. A verdade só Deus conhece.

" O que é um equilibrio geral em espaço de Banach ??
Essa eu deixo para o Rafael"

Modelos de equilibrio geral são quase obras de arte, belos, mas inúteis na prática, ou como recomendações de política econômica. Sem querer usar o argumento da autoridade, mas concordo com o Milton Friedmann neste ponto.

"Por isso as chamamos de simplificações."

Sim, mas que dá pena dá, não por serem simplificações, mas pela complexidade do assunto torná-las grotescas e caricaturais.

"Rótulo odioso, Schopenhauer ia ficar orgulhoso"

Hahaha não fui eu quem inventou isto.


"Não. Matemática é uma linguagem formal. Geralmente preza pela simplicidade, mas algumas coisas são difíceis de se escrever formalmente."

Então, simplifica-se ao ponto do grotesco. Isto é "Dismal"

"Você preferiria que simplesmente colocássemos equações e tirássemos conclusões sem prová-las? Análise Real é a matemática não elementar?

Veja, a matemática útil em economia é a elementar. No máximo equações diferenciais. A prova da teoria é através de experimentos reais ou olhando os dados e usando econometria. Mesmo assim não se prova nada em definitivo. Leia Karl Popper.

Agora, construir uma dedução matemática sofisticada em cima de idéias simples não "prova" absolutamente nada cientificamente, me desculpe.

A saber, a própria lógica matemática tem furos, vide Goedel ou o halting problem das máquinas de turing, de Chaitin.

"É uma possibilidade. Outra: sinal de baixa autoestima é desmerecer a matemática por considerá-la tão complicada quanto grego antigo ou sânscrito."

É outra possibilidade. Como não foi isto que eu quiz dizer, não aceito o argumento se referindo a mim.

"São sim, o número de Phds no mundo cai, ninguém mais os ouve, em pouco tempo o conhecimento será transmitido em forma de cantigas."

Hahaha

Einstein publicou a relatividade aos 26 anos. Existem gênios da música com 5 anos de idade que assombram. A matemática também tem seu quinhão de super-dotados precoces.

Já parou para pensar como não existem gênios na economia com menos de 30 anos ?

É simples : É uma ciência social, que demanda vivência, experiência e maturidade para se pensar por conta própria e olhar a "matrix" de fora.

Eu mesmo sou formado em matemática, e gosto de discussões acadêmicas, mas a prática me mostrou que as teorias acadêmicas estão sim cada vez mais distantes da realidade.

Não de pode ensinar a um peixe o que é a vida na terra. Não se pode ensinar a um acadêmico puro, como funciona o mercado. Mas as vezes a verdade fere demais a auto-estima, e por falta de força, preferem viver iludidos e com o apoio mútuo do seu grupinho. Até que talvez a necessidade o force a encarar o mundo, e aí terá que ser posto a prova de verdade.

Gostei do blog, apesar de achá-los meio imaturos ainda (não é um demérito não, e é apenas a minha opinião, posso estar enganado)

Roberto

Anônimo disse...

"Numeros naturais são elementares pra você e avançados pra um macaco. Equilíbrios Gerais em espaços de Banach são elementares para o Aloísio Araújo e avançados para você."

Aloisio Araujo é um baita artista, talvez o equivalente a um Pablo Picasso.

Mas ao longo do tempo quebraria qualquer empresa que administrasse, e levaria a falência um fundo de investimento de que fosse gestor. Como exemplo semelhante, o proprio Werlang como economista pratico, gestor de fundos, fracassou. Procure saber.

Quem sabe mais economia de fato, um gênio acadêmico, ou um gênio prático ?

Alguém pode deter todo o conhecimento do mundo ?

Então, o buraco é muito mais embaixo.

Roberto

Roberto disse...

-

M disse...

"O buraco é mais embaixo".

O Einstein publicou a relatividade com 26 anos.

O aloísio levaria uma empresa a falência.

"Alguém pode deter todo o conhecimento do mundo?"

MEU DEUS! do que você tá falando mesmo?

É impossível tentar te responder, me desculpa.

Anônimo disse...

Roberto,
a prova da existência de equilíbrio é importante sim. A existência de equilíbrio garante a consistência do modelo, e é sine qua non para a realização de estática comparativa.

Não faz o mínimo sentido analisar um modelo econômico, onde não exista equilíbrio.

O Aloísio não consegue administrar uma empresa, mas o Eike Batista não sabe o que é um difeomorfismo. E daí? Cada macaco no seu galho!

Vc acha que essa crise aconteceu porque as pessoas descobriram repentinamente que o mundo não é um espaço de Banach? Claro que não! A crise foi gerada pelos gênios práticos.

Paulo Klinger, Marilda Sotomayor, Humberto Moreira, Sérgio Werlang, Aloisio Araujo, Alexandre Scheinkman, Paes de Barro (dentre outros) estudaram no IMPA.

Acho que o IMPA merece respeito sim. Não conheço nenhum outro centro no Brasil que se compare nesse sentido.

Essa discussão é sobre ortodoxos x heterodoxos ou sobre matemática?

Ou vocês acham que os heterodoxos se resumem a negar a existência dos números naturais?

Evaristo.

Anônimo disse...

"É impossível tentar te responder, me desculpa."

Não se desculpe. Mas tomar frases isoladas, tirá-las do contexto e depois exclamar "Meu Deus!" é de uma falta de imaginação retórica imensa.

"Acho que o IMPA merece respeito sim. Não conheço nenhum outro centro no Brasil que se compare nesse sentido."

Evaristo, o post original foi sobre a pretensa utilidade prática de matemática abstrata.

O Impa merece respeito como instituição acadêmica pura, mas daí a concluir que contribuem decisivamente para o avanço da compreensão do mundo e da economia "real", me desculpe, mas discordo totalmente.

Minha impressão é que, ao passar de certo ponto, os modelos matemáticos tornam-se um fetiche.

Pode-se até conviver com isso, e mesmo admira-los "esteticamente" , mas ha bem pouco contato com a realidade e quase nenhuma contribuição relevante para a sociedade.

Roberto

Anônimo disse...

"O Aloísio não consegue administrar uma empresa, mas o Eike Batista não sabe o que é um difeomorfismo. E daí? Cada macaco no seu galho!"

A diferença é que o Eike não dá palpites sobre matemática, mas o Aloisio acha que pode palpitar sobre a realidade econômica e empresarial.

Enoch disse...

Anônimo,

Ôxe, mas o papel de um economista não é justamente esse?!?

M disse...

Roberto,
Usei suas frases fora de contexto porque não existia contexto.

André disse...

Ola Pessoal,

Estou impressionado com um sujeito que diz ser "formado" em matematica dizer algumas coisas tao estranhas. PRIMEIRO PONTO: Matematica em economia nao serve para fazer arte, balé ou qlq coisa do gênero. Quando aprendemos Micro I (vc fez roberto??? tenho dúvidas!!) ficamos sabendo que os individuos otimizam, obtem um cesta de consumo dado suas preferencias e sua restrição orçamentaria bla, bla, bla...isso quer dizer que quando o sujeito vai a padaria ou ao açougue ele tira uma folha do bolso, otimiza seu modelo e dai paga a conta?? Evidentemente NAO!!! Mas porque fazemos aquele monte de conta?? Ora porque as contas descrevem o comportamento do agente economico!!!!!! Isso nao quer dizer que ele anda dentro do "espaço de Banach" (heheeheeh essa foi boa), mas dado as hipóteses utilizadas e as contas realizadas chegamos a algumas conclusoes que descrevem o comportamento do individuo!!! Será que vc ta conseguindo entender?? O sujeito que vai ao supermercado nao tem uma sigma algebra no bolso, mas precisamos de tal hipótese para ter uma espaço mensuravel etc, etc, etc...que por fim reproduzimos uma decisao economica qualquer. CONTINUA

André disse...

SEGUNDO PONTO: Nao sei exatamente o que vc chama de matematica elementar (as quatro operações basicas?? soma, subtração, divisao e multiplicação?? se for isso ta muito facil hein heheheheheh). Se vc acha que isso é suficiente para estudar economia, melhor pensar novamente!!!! Nao estou dizendo para vc conhecer ao nível de Aloisio Araujo, mas pelo menos saber aplicar uma econometria descente e algumas hipóteses para ter conclusoes plausiveis. Ai esta o ponto: para aplicar uma econometria descente é necessario saber matematica, ou vc acha que apertar o botao no STATA ou R já ajuda em alguma coisa??? Apertar o botao o macaco (do post) tbm faz e logo seremos substituidos por ele se for necessário apenas dar o Enter!! Por acaso vc já leu algum artigo original de econometria?? Estou referindo a esta encometria que vc apenas aperta o botao. Já reparou que no minimo vc tem que ter feito analise 1, 2, 3 (teoria da medida) para entender o que esta acontecendo?? Entao, se vc acha econometria importante (vc quem disse) "Veja, a matemática útil em economia é a elementar. No máximo equações diferenciais. A prova da teoria é através de experimentos reais ou olhando os dados e usando econometria" NO MINIMO VC DEVERIA ENTENDER O QUE ESTA SENDO FEITO e para isso é condiçao fundamental que vc ENTENDA matematica NAO ELEMENTAR!! Caso contrário aventure-se em outros campos!!! TERCEIRO PONTO: o post que originou toda essa conversa é sobre heterodoxos e ortodoxos, pois bem, estou com os meninos do blog, acredito ter boa e má economia e ambos os grupos fazem as duas. Quantos alunos de graduação estimaram modelos incorretos, pois nao estudaram o suficiente para saber o que estavam fazendo?? Pelo que sei quase todos na vida já fizeram algo incorreto neste sentido...o fato é que estudamos dia após dia para tentar minizar tais problemas. Até o keynesiano de quermesse (essa é do blog do Alex ehehe) que usas coisas estranhas para explicar o mundo lança mao de alguma formalização para chegar aos resultados esperados (nao estou referindo aos keynesianos brasileiros, pois esse so repetem as coisas, estou referindo aos keynesianos que realmente tentam formalizar o problema, se é que existe eheehhehe essa tbm foi otima eheehhehe). O fato é que tanto heterodoxos e ortodoxos SÉRIOS (o primeiro é mais dificil de encontrar, mas dizem que existem eheheeehhe estou hilario hoje eheeheh) utilizam matematica NAO TRIVIAL para formalizar seus argumentos, ou vc acha que estudaram somente calculo 1 para formalizar os argumentos que vcs utilizam por ai....entao meu caro, pense bem e LEIA MAIS, ESTUDE MAIS antes de escrever tais bobagens!!! ULTIMO PONTO: nao despreze as formalizações!! Se vc é do campo da história economica (que eu admiro muito, mas nao é meu forte) entao as formalizações talvez nao ajudem em algo. Caso vc nao seja estudante de historia, entao, acho melhor rever seus conceitos. Nao criamos espaço de Banach, sigma algebra, Borel etc, etc, etc apenas para tornar tudo bonito, mas para conseguirmos tomar decisoes economicas relevantes. Sem formalização (NAO TRIVIAL) fica impossivel fazer politica economica ou discutir qlq coisa do genero ou até mesmo aplicar econometria. Se vc descorda, pergunte ao Alex se os modelos que o Banco Central ou qlq outra instituição utilizam sao advindos de "matematica elementar", acredito que nao!! Caso nao queira formalizar ou utilizar matemtica apenas descreva e estude historia, deixa a coisa séria para quem entende!!!

Abraços

André

ps1: desculpe a falta de pontuação, mas é que estava com tanta pressa e dada a indígnação, nao poderia deixar de escrever, mas acho que dar para todos entenderem eheehhe

ps2:nao despreze o impa roberto, pois vc nao tem ideia da importancia desta instituição tanto no campo da economia quanto o da matematica, vc nao tem ideia do que esta dizendo.

Anônimo disse...

André

percebo um brain-wash violento em vc.

Eu sou graduado em matemática, gosto de matemática.

Nunca disse que matemática é inútil como linguagem. Aonde vc leu isso ? Vc está distorcendo tudo o que eu disse, esta é outra técnica de retórica bem conhecida.

O que critico é o seu uso excessivo em economia. E digo que é inútil, e se vc trabalhar no mercado, e tentar utilizá-la, perceberá a limitação.

A matemática usada em econometria é trivial. O que tem de complexo ? Otimização é complexo ?

Excessivo para mim é dar muita ênfase em provar teoremas, montar modelos em espaços de Banach, etc.

Pior é tentar remendar modelos que são rejeitados empiricamente e se criar frankesteins, todo mundo achar isso bonito e ninguém falar que o rei está nu.

Mas o academicismo é um "mundo a parte". Trabalhe no mercado real, e verá o que funciona e o que é um sonho acadêmico.

Roberto

André disse...

Caro Roberto,

Se vc acha que econometria é somente otimização, OBVIAMENTE vc NUNCA leu nenhum artigo original publicado na econometrica ou qlq outro journal relevante na area de econometria. Para quem parou no Gujarati, Wooldridge de graudação ou coisas semelhantes realmente vai acreditar que econometria é somente otimização ou ainda, derivar igualar a zero e utilizar o estimador. Acho que vc esta muito enganado. Nao estou dizendo que vc vai fazer teoria econometrica, mas para vc utilizar qlq estimador, vc tem que no minimo conhece-lo e isto é feito lendo o artigo original, verificando suas hipoteses, desvio-padrao e suas limitações ou ainda tendo aulas muito razoaveis (talvez nao seja seu caso). Ademais, até chegar ao ponto de derivar e igualar a zero (se é isso que vc conhece) muitas hipóteses já foram realizadas que vao muito além da otimização. A proposito, qual mercado vc trabalha?? Na feira?? (alias, o que vc esta chamando de mercado??) Acredito que qlq mundo financeiro deve utilizar algo razoavel para tomar medida de alguma coisa. Nao somente mundo financeiro: ipea, petrobras, vale, walmart... Ou vc acha que os caras nao sabem fazer contas??? A diferença é que eles utilizam os recursos computacionais e nao mostram as "continhas" por tras destes. Meu amigo, estude um pouco mais e perceba que a teoria é útil e consegue reproduzir muita coisa que vc desconhece!! (ou pelo menos desistiu de conhecer).

Abraços

ps1: a questao nao era matematica ou nao, mas ja que vc disse, cite PELO MENOS UM artigo de um estimador econometrico que utilize apenas a "trivialidade" da otimizaçao e mais nada (lembre-se: nem uma analise basica pode ser utilizado hein, so otimizaçao, pois esta é "TRIVIAL"). Outra coisa, se vc estudou matematica, vc deve saber que sem teoria da medida fica um pouco dificil elaborar teoria econometrica. Se vc acha teoria da medida MUITO FACIL, entao precisamos conversar para ter umas aulinhas hehehee (continuo hilario) eheeheheh.

ps2:"Nunca disse que matemática é inútil como linguagem. Aonde vc leu isso ?" Eu tbm nao disse isso (nem entre linhas!!)...se vc interpretou assim é falta de leitura mesmo!! Neste caso a gente costuma ler mais de uma vez para entender o que está dificil.

ps3: nao foi brain-wash, é que fica complicado conversar com alguem a respeito de economia que explica as coisas na "garganta" sem o minimo de rigor. Se vc parou na otimização (acho que de uma variavel eheheheeh) só tenho uma coisa a dizer: VC NAO SABE O QUE ESTA PERDENDO!!! EHEEHHEHEHEHEHEH (ESSA FOI A MELHOR DE HOJE EHEHEEHE)

Guilherme Lichand disse...

acho q a discussão está meio descambada, imperando um princípio lá cujo autor me foge à memórica... o anônimo piadista que gosta de aplicar teoria da medida a estimadores econométrico somente deu suporte à afirmação do Roberto de que a excessiva matematização EMBUTE O RISCO de se perder de vista a realidade. Richard Dawkings enquadraria essa hipótese como refutável, à espera de um experimento ideal. A crise foi um experimento bastante bom, ao meu ver; vide discussão dos últimos posts.

Abs sem animosidades

Alan disse...

Ola Guilherme,

Acredito que o ponto seja + ou - esse. Nao estou dizendo que é necessário matematizar tudo, se pareceu isso nao era a idéia... o que estou querendo referir é que nada do que estudamos é tao trivial!!! É necessário alguma formalização para que nao percamos o raciocinio, mas existem pessoas geniais que conseguem fazer isso sem precisar formalizar algo (o que sao poucos). O fato é que economia ou qlq parte dela nao é uma "dismal science" e que apenas utilizamos um pouco de matematica para representar as coisas...Acredito que um dos economistas que escrevem bem e que seus livros sao pouco formalizados (se eu estiver errado falem) é o Amartya Sen que tbm nao está tao distante da realidade. Outro autor muito bom é o Gary Becker que também formaliza seus modelos, mas sem utilizar nada exorbitante...enfim acredito que matematica tem o seu lugar e sua utilizaçao, mas chegar ao ponto do roberto acredito nao ser por ai...concordo com vc (guilherme) que perder de vista nosso lado social, realidade etc, etc, etc nao seria a melhor ideia....

Abraços

Anônimo disse...

Opinião, todo mundo pode ter sobre tudo. Vide o Caetano Veloso!

O Aloísio Araújo tem opinião sobre economia real, mas ele nunca se envolveu com isso.

Dúvido que ele tenha tido interesse em algum momento da sua vida de administrar uma empresa ou ser gestor de um fundo.

Anônimo disse...

Fala galera:

Direto do forno mais um texto ultra-plural:

http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/2009/Livro_CrescimentoEconomico03.pdf

abraços

Anônimo disse...

Ir para o mercado? Que mercado, o mercado financeiro? Porque em qualquer fundo razoável que você entrar vai ter gente usando Black-Scholes pra precificar opções, e um modelinho macro montado pra juros.

Quanto à Econometria, não vale nem a pena entrar na discussão. O cara obviamente pouco sabe sobre o assunto.

Anônimo disse...

Prezados, creio que essa matéria mostra uma situação em que a teoria econômica foi aplicada com êxito na rotina empresarial.

http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0949/tecnologia/cerebro-economico-google-489984.html?page=1

Lindóia disse...

Acho que ninguém entendeu o exemplo do post (ou se esqueceram dele)... Vou simplificar mais ainda.

A idéia é a seguinte: A matemática elementar de hoje (soma, subtração, etc) não foi elementar um dia. Nesse dia, os administradores de "empresas" da época poderiam ter dito "Quanta abstração, esses matemáticos não sabem nada... vou continuar administrando a minha empresa do jeito que eu sempre fiz", e o cara que calculasse Receita - Despesa iria se dar melhor. Só depois que o pessoal ia descobrir que a matemática elementar, através de toda a névoa de incompreensão e dificuldade de abstração, pode ajudar em alguma coisa no mundo real.

Hoje é exatamente a mesma coisa, só que o desenvolvimento da economia está num nível tão alto que por enquanto não é nada prático.

Mas enfim, genética básica já foi tema de estudos publicados nos melhores jornais científicos, e hoje qualquer um no 2ª ano do ensino médio aprende.

Mais simplificado que isso só perguntando pro Daniel Azulay mesmo.

M disse...

Lindóia,
Muito obrigado pela ajuda. Ficou mais claro mesmo. Eu acho que nem tudo vai chegar num nível de simplificação tal que todo mundo possa aprender, mas é uma excelente maneira de tornar o argumento mais didático.

Anônimo,
Valeu pela dica. Excelente exemplo de aplicação de leilões (eu acho que é a área de economia que hoje tem maior sucesso em situações do dia a dia).

M disse...

leilões e black and scholes... mas acho que em black and scholes não tem nenhuma teoria econômica (condição de não arbitragem não é teoria econômica), então fico com leilões mesmo, hehe.