domingo, 28 de junho de 2009

Boa Economia e Má Economia

Saiu uma matéria péssima no caderno de fim de semana do valor entitulada "Por uma realidade plural". O conteúdo era aquela eterna ladainha sobre e economia ortodoxa ter um pensamento único que ignora que o ser humano é mais do que uma funão utilidade, blá, blá, blá. Pior, os entrevistados dizem que a crise financeira PROVA que a economia ortodoxa está errada. Esse papo existe há décadas e a economia ortodoxa continua sendo ortodoxa. E vai continuar sendo, com ou sem crise.

Acho que os críticos e os criticados ganhariam muito se deixassem de lado essa separação ortodoxia/heterodoxia. Eu dou dois motivos. Primeiro, essa separação fica cada vez mais cinzenta, com vários pesquisadores que usam função utilidade e econometria boa chegando a resultados que classicamente são conseiderados "heterodoxos". Segundo, muitas vezes é difícil saber se a crítica é direcionada ao projeto de pesquisa em si ou ao resultado. Isto é, sempre que se encontra um resultado que vai contra o que o crítico acredita, a faz-se uma crítica sobre o método, disfarçando o alvo verdadeiro, que, no caso, seria o resultado.

A dicotomia relevante deve ser entre boa economia e má economia, assim como eu acredito que existe boa medicina e má medicina, boa matemática e má matemática, boa ciência política e má ciência política. Sempre que a "profissão" consegue aprender alguma coisa, estamos falando de boa pesquisa. Sempre que existe blá blá blá, análises intermináveis sobre textos antigos e estatística (ou econometria) feita sob medida para encontrar resultados, temos uma pesquisa ruim.

Tem muito ortodoxo que produz má economia. E tem muito ortodoxo que faz boa economia e encontra resultados heterodoxos. Eu quero acreditar que existem heterodoxos que fazem boa economia, e que eles têm o bom senso de apresentar resultados ortodoxos quando os encontram.

17 comentários:

Anônimo disse...

É, esse caderno do Valor foi deveras idiota.

Alguém quer me ajudar a contar quantos heterodoxos escrevem no Valor e em outros jornais? E comparar com o número de "ortodoxos"?

Theo disse...

Engraçado é sair no Valor isso...desse jeito ele vai acabar igual a Gazeta Mercantil...

Guilherme Lichand disse...

o Valor tem espaço reservado para essas coisas; a coluna ao lado do editorial, às vezes também metade da página ao lado, e às vezes ainda todo o caderno do fim de semana!

Eu achei a matéria toda bastante superficial realmente, e tão ruim quanto as críticas estava a defesa do Simão Silber! Positivista!

Tiago Caruso disse...

Quando eu falo que o Valor é um péssimo jornal, cujo editorial é dominado por uns caras que não conhecem xongas de economia, o malandrão do autor reclama. Depois vai lá e faz um post.

Tiago Caruso disse...

Agora sério Rafael,

certamente existem heterodoxos que fazem trabalho sério em economia. Só não estou certo que eles existem no Brasil.

M disse...

O valor é um mistério. As reportagens em geral são boas, mas as colunas de opinião em geral são péssimas.

Anônimo disse...

Galera,

Eu costumava ler o Valor...

Depois achei que o Pochmann aparecia muito por lá...

Bom mesmo são os blogs e a interatividade com o(s) autor(es). Notícias também dá pra caçar na net. Adiós imprensa escrita.

abraços, Zamba

Anônimo disse...

www.zeitgeistmovie.com

Anônimo disse...

"O valor é um mistério. As reportagens em geral são boas, mas as colunas de opinião em geral são péssimas."

O que voce pode esperar com a irma do Luis Nassif running the show?Honestidade intelectual? Inteligencia? Independencia? Tah bom entao.

Galego disse...

Por mim, a separaçao deveria ser entre quem estuda economia para tentar entender a realidade e quem o faz para impor suas idéias prévias da realidade. A heterodoxia abre muito mais espaço para a segunda forma de "pesquisa". Daí ser preferida pelos ideólogos de plantao.

Anônimo disse...

Galera, posso fugir do tópico?

Notei que o corpo docente da PUC vêm perdendo vários nomes, enquanto o da EPGE vai ficando cada vez melhor (Marcelo Moreira, por exemplo).

Estou errado? Quais as características da PUC (tirando networking) que podem colocar ela na frente, em relação, principalemnte, a colocação em doutorados no exterior?

Tiago Caruso disse...

último anônimo,

pertinente o seu comentário. A PUC tem apostado em professores mais novos que a EPGE, então é possível que ainda não esteja tão claro quão bom são os novos pesquisadores.

Além disso a PUC tem algumas vantagens para colocar no doutorado fora. Primeiro que eles incentivam mais que você faça o doutorado fora enquanto a EPGE incentiva muito o doutorado deles.

Isso faz com que eles melhorem a avaliação deles na CAPES, mas piora a colocação deles em PHDs.

A segunda vantagem: todos os alunos do mestrado da PUC foram aceitos no mestrado da EPGE e a recíproca não é verdadeira.

Anônimo? disse...

Tiago,

Muito obrigado pelos esclarecimentos. Realmente a segunda vantagem citada por você é um dos motivos que me faria escolher PUC: a qualidade dos outros alunos que estariam colaborando/competindo com vc é algo que ajuda mto no desenvolvimento acadêmico.

Mas é exatamente aí que surgiu minha dúvida: porque os primeiros da ANPEC continuam escolhendo a PUC, mesmo com essa perda de pesquisadores e o crescimento da EPGE? Só a colocação em PHDs fora nao explica isso, já que nem todos têm esse objetivo. Me parece que a escolha é baseada em duas coisas:

1. O nome "PUC-Rio" ainda tem um peso bem forte, e;
2. O fato de, historicamente, os primeiros colocados escolherem a PUC influencia a escolha dos primeiros, assim com influenciaria a minha.

Novamente, sou um observador de fora e posso estar completamente errado, mas até que faz sentido, nao é?

M disse...

Tem dois mais dois efeitos importantes.

1) A PUC forma turmas com menos de 15 alunos, a EPGE com mais de 20. Esses 7 caras extras estão, é claro, mais mal colocados na ANPEC.

2) Acho que a PUC coloca melhor no mercado. Aí os melhores colocados que não querem doutorado acabam preferindo PUC.

Anônimo disse...

Meus caros, vocês estão desatualizados, pois os primeiros colocados da última anpec estão divididos entre PUC-RJ, FGV-RPGE e USP. E a tendência é que a FGV-SP também começa a entrar na briga

Anônimo disse...

http://trueglobal.typepad.com/globalidades/2009/07/jos%C3%A9-lu%C3%ADs-oreiro-diz-o-seguinte-em-seu-blog-comentando-coisas-escritas-num-outro-lugar-a-prop%C3%B3sito-de-texto-meu-publicado.html

Anônimo disse...

Rapaz, a podridão que imaginei dos políticos de plantão a disseminar no espectro político país afora, é muito maior! Política e Economia, como duas faces da mesma moeda, tem igual respaldo entre os pseudo-economistas que comentam sobre o "espectro econômico"


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