É muito comum ouvir pessoas reclamando que o ensino de português no Brasil é muito técnico, preocupado excessivamente com gramática, enquanto o ideal seria uma abordagem mais "americana", focada na capacidade de interpretar textos e escrever bem. Eu concordo com a crítica, mas acho que existe um fator estrutural que dificulta a mudança: o português é uma língua complicada.
Não sou eu que estou inventando que nossa línga é complicada. A quantidade de tempos e modos verbais aliada a flexões de número, gênero e grau é que servem de métrica para a afirmação. Nessa métrica, inglês e chinês, por exemplo são línguas simples (apesar de todas as dificuldades gráficas e fonéticas da segunda).
Curiosamente, sociedades mais atrasadas tendem a apresentar línguas altamente complexas. Exemplos abundam nas tribos africanas e sul-americanas. Um estudo recente, resenhado na economist, tenta encontrar padrões para tal regularidade. Eles concluem basicamente que línguas que passam por processos de expansão (durante o qual é aprendida por muitos adultos) acabam por se simplificar.
Um adulto tem mais facilidade de identificar o tempo que se passa a ação só pela presença de um advérbio, dispensando a flexão do verbo. Essas situações de "superespecificação" são o que dá trabalho para ensinar na escola. Um americano não precisa saber o que é sujeito e o que é objeto, mas um francês precisa, porque o pronome relativo é "qui" num caso e "que" no outro. Um brasileiro precisa aprender a conjugar um verbo em 6 tempos e 3 modos. Aí fica difícil focar na interpretação...
Não sou eu que estou inventando que nossa línga é complicada. A quantidade de tempos e modos verbais aliada a flexões de número, gênero e grau é que servem de métrica para a afirmação. Nessa métrica, inglês e chinês, por exemplo são línguas simples (apesar de todas as dificuldades gráficas e fonéticas da segunda).
Curiosamente, sociedades mais atrasadas tendem a apresentar línguas altamente complexas. Exemplos abundam nas tribos africanas e sul-americanas. Um estudo recente, resenhado na economist, tenta encontrar padrões para tal regularidade. Eles concluem basicamente que línguas que passam por processos de expansão (durante o qual é aprendida por muitos adultos) acabam por se simplificar.
Um adulto tem mais facilidade de identificar o tempo que se passa a ação só pela presença de um advérbio, dispensando a flexão do verbo. Essas situações de "superespecificação" são o que dá trabalho para ensinar na escola. Um americano não precisa saber o que é sujeito e o que é objeto, mas um francês precisa, porque o pronome relativo é "qui" num caso e "que" no outro. Um brasileiro precisa aprender a conjugar um verbo em 6 tempos e 3 modos. Aí fica difícil focar na interpretação...
7 comentários:
Velho, nada a ver, você tá falando besteira. Você está misturando o conceito de língua de fato, que é a falada por nós, com uma peça de arte (para não usar palavra pior) chamada gramática normativa.
Capacidade de se comunicar bem nada tem a ver com saber a gramática normativa escrita pelo Bechara, por exemplo.
Todo mundo já nasce sabendo a gramática da sua língua, acontece que muitas vezes essa gramática difere da que é considerada a "correta", que chamei acima de gramática normativa.
A gramática do português, a língua mesmo, é a que é falada pelos milhares de brasileiros. Essa que é a língua portuguesa falada no brasil de verdade.
O português brasileiro há muito tempo apresenta essas mudanças de simplificação na sua estrutura. Uma dela é flexão verbal e nominal, por exemplo, deixando o plural somente no artigo:
- Os menino foi
Não é preciso mais do que o "os" para saber que foram vários meninos. A vasta maioria da população fala assim, entretanto essa evolução natural da lingua é considerada errada e burrice por conta de um ensino retrógrado.
Colocação pronominal e tempo verbal também já mudaram há tempos...
Então o que os linguistas brasileiros questionam é justamente o ensino de uma gramática fossilizada que é praticamente uma língua estrangeira para o aluno. Ao invés disso, propõe-se trabalhar no desenvolvimento de suas capacidades linguisticas, que não passa nem de perto em decorar o que verbo transitivo direto ou oração subordinada substantiva objetiva direta.
Bom, só para complementar, caso não tenha ficado claro o ponto do comentário anterior.
O português não é uma língua complicada para seus falantes. Isso é um contrasenso absurdo.
Ensinar gramática normativa da forma como é dada hoje não desenvolve as capacidades linguisticas dos alunos e acaba por criar um preconceito de que a nossa língua é complexa e complicada, de que ninguém nunca vai falar ou escrever direito.
Então não existe essa dificuldade estrutural que você alegou. Isso não passa do ranço latino que foi deixado em sua cabeça se manifestando, mostrando o quão perversa é a disseminação dessa prática.
São três coisas que fodem com nossas crianças:
- o ensino do português, que tem os problemas acima;
- o ensino da matemática, que tem outros problemas, mas que não caberia discutira agora;
- e as humanidades, que são baboseiras-anti-neoliberais marxistas.
Bom, se você fala "os meninos foi", não me surpreende que você não tenha entendido o post.
Eu não entendi? Conta outra. Você que não se deu conta do que está falando.
O exemplo "Os menino foi" é para ilustrar a evolução natural por que passa atualmente a lingua portuguesa. Justamente a evolução que os autores do estudo mencionado falam. Pega o francês, por exemplo, foi uma língua que passou por evolução semelhante. Lá, na fala, não se conjuga o plural do nome e verbo.
Se de tudo que escrevi você depreendeu isso... você que vai passar por analfabeto funcional.
Na verdade, o "os menino foi" talvez seja expressão do dialeto falado em São Paulo. Talvez seja mais uma prova da vanguarda da cidade... hehehehehehe
Agora que não perdi a chance de fazer a piada, vou opinar:
Na prática, aqui no Brasil já passou de 6 para 4 flexões verbais. A segunda pessoa foi para o espaço, pela substituição de "tu e vós" por "você e vocês".
E, não, o problema não é que ensinam gramática demais. Mas, sim, que o ensino é uma porcaria.
aXu ki u enCinaMentu di graMatiKa eh boum purKe quAndu si lÊ iXcriTus em oRkutes fiKa daNaDu di rUim di lê i si d mora muiTo para inTendê o Ki o kaRa Kis isCrevê iSSo qd o kra ñ kmç a sprmr as vg das plvr
São Paulo que nada, esse fenômeno é nacional. Já foi bastante estudado.
Em relação a mudanças linguisticas, os mineiros são os mais originais. Com relação a mudança supracitada, o plural apenas no determinante, lá já se faz inclusive no "que", como em:
- Ques menino lindo!
Seu comentário final é outro erro comum. Você não deve confundir o foco do ensino em capacidade linguisticas com desconsiderar o padrão culto. Línguas se aprendem utilizando, lendo e escrevendo, falando e ouvindo, não com análises metalinguísticas.
O orkutês pode ser interessante em determinadas situações, mas na maioria das vezes não é. E não é se ensinando gramática normativa que o aluno vai perceber isso e sim com o aprendizado, leitura, prática e domínio dos diversos genêneros liguísticos.
"Os menino foi"
Que sampa que nada... isso aí é coisa de minero. num vem querê tirá isso de nóis não...
Abraços, Zamba
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